Ser é pensar

Todos pensamos: está na nossa natureza fazê-lo.
 
Não obstante, muito do nosso pensamento, por si só, tem preconceitos, é distorcido, parcial, ignorante ou completamente arbitrário. A qualidade da nossa vida e do que produzimos, fazemos ou construímos, depende precisamente da qualidade do nosso pensamento. O pensamento de qualidade pobre sai muito caro, em dinheiro e em qualidade de vida. Se queremos pensar bem, devemos pelo menos entender os rudimentos do pensamento, as estruturas mais básicas de onde resulta o pensamento. Devemos aprender a decifrar o pensamento.
 
Pede-se frequentemente que se analisem poemas, fórmulas matemáticas, sistemas biológicos, capítulos ou livros de texto, conceitos e ideias, ensaios, romances e artigos – só para mencionar alguns. No entanto, quantas pessoas serão capazes de explicar o que requer a análise? Que estudantes têm um conceito claro de como pensar? Qual dos graduados pode completar a frase: “quando me pedem que analise alguma coisa, utilizo o seguinte modelo…?”
 
O facto é que se ensina pouco como analisar. Por isso, quando se lhes pede que analisem algo científico, histórico, literário ou matemático – já para não pensar em algo ético, político ou pessoal – faltam-lhes modelos que lhes permitam fazê-lo. (…) Não têm ideia de como uma análise sólida pode abrir o caminho para uma avaliação sólida.
 
O pensamento crítico é esse modo de pensar – sobre qualquer tema, conteúdo ou problema – no qual o pensador melhora a qualidade do seu pensamento ao apoderar-se das estruturas inerentes ao ato de pensar e ao submetê-las a regras e hierarquias intelectuais.
 
Em conclusão, o pensamento crítico é autodirigido, autodisciplinado, autorregulado e autocorrigido. Implica submeter-se a critérios rigorosos de excelência e de domínio consciente do seu uso. Implica comunicação efetiva e competência de solução de problemas e um compromisso para superar o egocentrismo e o sociocentrismo natural do ser humano.
(adaptado de Linda Elder e Richard Paul)