Quintas com Saúde | O homem é o maior predador à face da Terra. Qual é afinal o conceito de ONE HEALTH?

17.10.2019 17:30
Escola de Enfermagem (Porto) | Sala EC105

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Como Chegar / How to Arrive
Universidade Católica Portuguesa - Porto | Sala EC105

Inscrição gratuita mas obrigatória.

Guilherme Gonçalves, Professor Associado com Agregação, Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB), Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Universidade do Porto, (aggoncalves@icbas.up.pt)

Considero muito importantes as questões que vou expor e discutir com a audiência desta conferência. Não se trata de qualquer descoberta individual e muito menos da proposta de soluções mágicas. Felizmente, estas preocupações para discussão pública e procura de soluções, estão a envolver cada vez mais pessoas, conscientes da sua importância e da necessidade de agir. Felizmente, muito se tem escrito sobre os assuntos que abordarei e estou longe de ter lido tudo. No entanto, alguns artigos e livros são paradigmáticos dos temas que quero discutir e trago-os como “pontapé de saída” para discussões mais amplas (perdoem-me o calão futebolístico).

A primeira publicação que gostaria de referir é um artigo publicado na revista Scientific American.1 Então não é que o Homem moderno (Homo sapiens sapiens) é um superpredador? Somos originários de África e, quando de lá saímos não fomos titubeantes. Invadimos rapidamente os restantes continentes a uma velocidade estonteante e com níveis de destruição ecológica avassaladores. Essa invasão foi acompanhada de crescimento populacional, não só porque passámos a estar em todo o mundo como, nos últimos séculos, ocorreu uma explosão demográfica. Thomas Malthus abordou esta questão. A controvérsia que gerou ecoa ainda hoje. É com prazer que autores e comentadores de televisão comentam quanto Malthus se enganou. Há até vídeos bem-humorados para explicar e refutar Malthus (links no fim deste resumo). Ter-se-á mesmo enganado? Curiosamente, os que contemporaneamente herdaram a sua linha de raciocínio e as suas preocupações, não gostam de ser chamados “neo-maltusianos”. Não existe tal corrente?

Em 1968, o casal Ehrlich publicou o livro The population bomb.2 As críticas vieram de todos os lados. Curiosamente, de setores políticos antagónicos. Todos convergiram na crítica à mensagem do livro e aos próprios autores. Estes, revisitaram o livro, as ideias e as controvérsias, num interessante artigo de 2009.3

Será então que estamos a mais? Somos nós a maior ameaça para a nossa própria sobrevivência e para o nosso próprio planeta. Surgiram as reações e soluções mais diversas. Os ecologistas propõem-se salvar a Terra. Deixaram de ser minorias com ideias bizarras para colocarem as questões ecológicas no centro do debate político.

Surgiram propostas de solução para o excesso de população humana. Entre os mais radicais, está Les U. Knight, um norteamericano encantador que veio ao Porto fazer uma conferência em 2017 e criou o movimento Voluntary Humana Extinction Movement. O que propõem é simples: os humanos desistem de se reproduzir, o que conduzirá a extinção voluntária da espécie humana e ao salvamento do planeta. No Porto, ouviram-no civilizadamente e gerou-se uma interessantíssima discussão. Nos “media” norte-americanos a abordagem é mais do tipo chacota (vídeo no link abaixo indicado). Também há os negacionistas e os otimistas. Confesso que sou parcial: não dedicarei tempo aos que negam a realidade. Quanto aos otimistas, não podemos deixar de ver e ouvir o que disse Hans Rosling (vídeo do link), falecido em 2017, nem de ler o que escreveu, fundamentando com cuidado as suas ideias. Editado em 2018, ano da morte do seu autor, seria uma perda enorme não ler Factfulness.4 Podemos discordar, mas seria uma pena não ler.

Só nós estamos a mais? Não haverá demasiado animais no planeta? Surgiu até o conceito de “ONE HEALTH”. Subitamente, o nosso antropocentrismo permitiu a construção do conceito (de saúde pública?) que a Saúde (com letra maiúscula) não é só um problema nosso. Os outros animais também têm problemas. Os problemas de saúde de todos os animais estão tão interligados que têm de ser abordados como uma questão una (one health). Mas pensemos bem na nossa relação com os outros animais do planeta. Podemos classificar os outros animais da Terra em três grupos: os selvagens, os domesticados que comemos e os domesticados que usamos como animais de companhia. Relativamente aos selvagens, temo-los exterminado em massa, quer por ação direta quer por interferência indireta com os ecossistemas. Os que que domesticámos prosperaram, servindo-nos para comer ou para nos fazer companhia. Qual o impacto ecológico de uns e outros?. Há vozes polémicas (ver link). Pois vamos ouvi-las e pensar sem preconceitos.

 

REFERÊNCIAS

  1. Curtis W Marean. The Most Invasive Species of All. Scientifc American 2015. August: 33-39.
  1. Paul R. Ehrlich. The Population Bomb. Sierra Club/Ballantine 1968. [ISBN 1-56849-587-0]
  1. Paul R. Ehrlich and Anne H. Ehrlich. The Population Bomb Revisited. The Electronic Journal of Sustainable Development 2009. 1(3).
  1. Hans Rosling, Ola Rosling, Rosling Rönnlund Anna. Factfullness. Editor: HODDER & STOUGHTON, Reino Unido 2018. [ISBN 1 473 637481 1]

 

LINKS de videos com interesse:

Population, Sustainability, and Malthus: Crash Course World History, by John Green
https://www.youtube.com/watch?v=QAkW_i0bDpQ

Lessons for handling the Population Bomb, by Paul Ehrlich
https://www.youtube.com/watch?v=CbLN75TVVRM

Voluntary Human Extinction Movement, Tucker Carlson interviews Les Knight
https://www.youtube.com/watch?v=Rm1QojjwGdo

Why the world population won't exceed 11 billion, by Hans Rosling
https://www.youtube.com/watch?v=2LyzBoHo5EI

PETS HAVE THE SAME ENVIRONMENTAL IMPACT AS 13.6 MILLION CARS, STUDY SHOWS.
Time to consider your carbon ‘paw’ print, according to US research (2017)
https://www.independent.co.uk/life-style/carbon-footprint-animal-dogs-ca...

 

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