Escola Superior de Biotecnologia promove projeto LeguCon

No dia 28 de janeiro, decorreu um webinar sobre o projeto LeguCon, promovido pela Escola Superior de Biotecnologia (ESB) da Católica no Porto e financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian. O projeto assenta no desenvolvimento dum consórcio único e inovador em Portugal, promotor do aumento de produção de leguminosas no país, com uma vertente participativa e interativa entre a ciência e a cidadania.

O evento contou, para além da divulgação do projeto e das atividades associadas, com um ciclo de oradores de referência, com a apresentação de uma seleção de temáticas relevantes para a compreensão do cenário atual da produção de leguminosas a nível nacional e ainda com a abertura de um concurso para agricultores com interesse na área das leguminosas com candidaturas abertas até 28 de fevereiro.

O concurso pretende apoiar 6 explorações agrícolas na implementação de leguminosas nos seus terrenos com um prémio de 2000,00€ e de acompanhamento técnico e dirige-se a produtores agrícolas da região Norte, disponíveis para partilhar o processo da sua colaboração com o projeto LeguCon através de vídeos, entrevistas, fotografias e através da organização de dias de campo.

Carla Santos, investigadora do Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) da ESB e moderadora deste webinar, explicou que o projeto permite estabelecer “um elo de ligação entre todos os intervenientes da cadeia de valor das leguminosas: do prado ao campo” e Maria Nicolau de Almeia, responsável pelo Programa Gulbenkian Desenvolvimento Sustentável, apontou para o valor inovador do projeto e para a forte aposta da Fundação Calouste Gulbenkian nesta iniciativa.

 

Um webinar, muitos contributos de referência

Na sessão de abertura do webinar, Manuela Pintado, diretora do CBQF, realçou a “importância de ressuscitar a cultura das leguminosas, que fazem parte da nossa tradição, mas que devem voltar a fazer parte da nossa alimentação, para a sustentabilidade e futuro”. Salientou, também, o papel da alimentação, da nutrição e da agricultura enquanto interesses para a investigação da Universidade Católica Portuguesa.
Seguiram-se várias apresentações com oradores de referência: Ana Maria Barata, responsável pelo Banco Português de Germoplasma Vegetal, salientou os valores da baixa produção de leguminosas no país e a necessidade de a aumentar para retomar a biodiversidade na cadeia alimentar e no campo agrícola; Patrícia Vidigal, investigadora no Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, focou o seu discurso nas espécies de leguminosas esquecidas e nas suas vantagens agronómicas, bem como a importância da partilha entre ciência e conhecimento tradicional; Marta Vasconcelos, docente e investigadora da ESB da Católica no Porto, partilhou várias iniciativas a nível europeu que fomentam o aumento da produção de leguminosas e explicou que “cerca de 40% dos consumidores já aderiram ou querem aderir à inclusão de leguminosas na sua dieta”; Maria do Céu Godinho, professora do Instituto Politécnico de Santarém,  ressalvou a importância duma abordagem holística do sistema cultural para a manutenção da produção com um solo saudável; Rosa Moreira, responsável do projeto Cientista Agrícola, descreveu a sua experiência de sucesso com a introdução de soja num terreno agrícola na região de Entre Douro e Minho; e Susana Carvalho, professora da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, finalizou a ronda de apresentações com uma perspetiva integradora dos desafios atuais e da importância de inovação para responder às necessidades dos consumidores e ambientes.

O evento contou ainda com uma mesa redonda, moderada por António Mexia, professor do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, que se centrou na discussão acerca dos entraves associados ao cultivo de leguminosas em Portugal e das diretrizes políticas europeias.
O debate contou com os contributos de António Monteiro, engenheiro agrónomo da DRAP Norte, que enumerou algumas iniciativas da DRAPN apoiadas no sentido de promover o consumo de leguminosas e, dessa forma, estimular o mercado; de João Silva, engenheiro do Centro de Competência para o Tomate Indústria, que reforçou a importância da regulamentação política para a movimentação dos interesses agrícolas e explicou, face à perspetiva da sustentabilidade económica, o papel das leguminosas como promotoras da rentabilidade de culturas associadas; e de Inês Vinagre, engenheira da Torriba, que, entre outros casos, utilizou como exemplo o sucesso da introdução de amendoim em terrenos agrícolas e o seu efeito benéfico no controlo de infestantes.

O evento contou com cerca de 300 participantes, nomeadamente produtores agrícolas, membros da indústria agro-alimentar, investigadores da área das Ciências Agrárias e consumidores interessados pela alimentação sustentável.

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29 de janeiro de 2021

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29-01-2021