Inês Moreira: “A missão de ajudar, colaborar e ser capaz de melhorar a vida do outro”

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21 anos, natural do Porto, estudante do 3º ano da licenciatura em Enfermagem do Instituto de Ciências da Saúde da Católica no Porto. É na Enfermagem que projeta o seu futuro porque o que a fascina é a possibilidade de ser próxima das pessoas. Depois de uma infância animada, assume que o que a faz acordar todos os dias de manhã é a vontade em dar a sua voz por uma causa. Prova disso é ser Presidente da Associação de Estudantes do ICS pelo 2º mandato. A bandeira desta sua missão? Ser a voz dos estudantes e ser capaz de criar pontes. Cheia de energia e sem nunca cruzar os braços, a futura Enfermeira Inês assume que é ambiciosa e que pelos seus sonhos está disposta a trabalhar e a não desistir.

O que é que os seus 21 anos já lhe trazem?

Acho que só com 21 é que atingi a maioridade. Eu sinto que só hoje é que me estou a conhecer verdadeiramente e que estou a assumir inteiramente as minhas responsabilidades cívicas. Depois deste último ano de pandemia, sinto que cresci muito e é agora com 21 anos que me sinto adulta.

 

O que é que marcou a sua infância?

Eu tive uma infância muito feliz, muito agitada e ocupada. Andei no basquetebol e na natação, andei, também, nos escuteiros, na guitarra e no piano. A minha infância foi muito vivida e os meus pais, sem saberem, acabaram por fazer com que eu aprendesse imensa coisa desde pequena: a gerir o meu tempo, a organizar-me em tudo e a ter sempre muita energia e muita vontade. Para além disto, cresci sempre aqui no Porto, mais concretamente na Baixa do Porto. O Porto é uma cidade que eu adoro e quanto mais viajo mais percebo que esta é a minha casa e que é aqui que eu sou feliz.

 

Quando é que surgiu o gosto pela área da saúde e por ajudar o outro?

Desde pequena que gostava de acompanhar as consultas no pediatra com a minha irmã mais nova e sempre fui fascinada por livros sobre o corpo humano.  Sempre adorei ver com o pai aquelas séries do estilo do Dr. House, adorava ver operações e era muito curiosa por perceber e por compreender o que estavam a fazer. O gosto em ajudar o outro acho que também está relacionado com o facto de ter sido escuteira e de sempre ter sentido muito a missão de ajudar, colaborar e ser capaz de melhorar a vida do outro.

 

Ao longo da licenciatura como é que tem sido a sua experiência de proximidade com os professores?

Os professores são todos enfermeiros, conhecem muito bem a realidade que será o nosso futuro. No fundo, vamos ser todos futuros colegas, não é? Os professores estão sempre à distância de uma chamada, de uma mensagem ou de um email. Mas mais importante que isto é que a missão dos professores é ensinar a enfermagem, que no fundo é ensinar a cuidar de pessoas. Os professores, através de uma proximidade muito grande, conseguem transpor a responsabilidade da Enfermagem, não nos assustando, mas mostrando que temos que ter gosto pela profissão. O facto de o curso ser muito prático e de ter muitos ensinos clínicos também propicia uma proximidade muito grande porque trabalhamos em grupos muito pequenos e muitas horas seguidas. A proximidade que os professores têm connosco e o ensino próximo da Católica é a melhor forma de nos ensinarem Enfermagem porque é uma profissão muito ligada às pessoas e que exige muita cumplicidade e proximidade.

 

“É isto que me move, é isto que me faz feliz, dar voz e cara por um propósito”

 

Onde é que a podemos encontrar aqui pelo campus?

Na associação de estudantes! É onde eu estou sempre. Se eu não atender o telefone, já sabem onde muito provavelmente me poderão encontrar. Para além disso, os laboratórios de ensaio clínico no Edifício do Restauro também são especiais.

 

Enquanto Presidente da Associação de Estudantes ou enquanto militante de um partido de onde é que surge a vontade de querer ser a voz de alguém ou de alguma causa?

Eu sempre quis ser a voz de alguma causa, sempre fui reivindicativa e sempre senti capacidade de liderar. É isto que me move, é isto que me faz feliz, dar voz e cara por um propósito. É isto que me faz acordar todos os dias de manhã.

 

O seu primeiro mandato foi vivido em plena pandemia …

Sim, foi logo uma experiência totalmente diferente. Como é que se é Presidente de uma Associação de Estudantes à distância? Estar em casa sem poder ter contacto com as pessoas foi muito difícil porque tornou ainda mais exigente a missão de ser Presidente. O primeiro mandato acabou por ser aproveitado para regressar à base e arrumar os cantos à casa que bem precisava. Não havia Associação de Estudantes do ICS-Porto há praticamente 6 anos. Foi preciso organizar a parte burocrática e, em paralelo, fazermo-nos presentes mesmo quando a distância dos alunos era grande. Com este segundo mandato já foi possível começar a pegar em coisas mais palpáveis e fazer acontecer, nomeadamente, por exemplo, dar início ao processo de entrada da nossa AE na Federação Académica do Porto.

 

Quais são as principais bandeiras do seu mandato?

Queremos ser próximos dos alunos com tudo o que isso implica. Queremos promover palestras e momentos de discussão e partilha, por exemplo, organizamos em conjunto com a Faculdade de Educação e Psicologia uma palestra sobre o tema da saúde mental na gestão do stress durante a época de exames. Queremos, também, organizar festas e jantares de curso, queremos colocar ao dispor dos alunos os meios que lhes permitam ser melhores alunos e enfermeiros, por exemplo, fechamos uma parceria com uma app destinada a ajudar os enfermeiros no seu dia-a-dia ou os estudantes nos ensinos clínicos. Por fim, e não menos importante, estamos empenhados e é nosso compromisso fazer a ponte entre os alunos e os professores e também entre os alunos do ICS-Porto e os restantes alunos da Católica no Porto. Queremos facilitar e promover o encontro entre todos e as Associações de Estudantes têm um papel essencial nisto até porque somos todos estudantes da Católica no Porto, somos e representamos uma só Universidade.

 

“O meu lema de vida é ser capaz de olhar para as coisas más e ver coisas positivas e eu acho que também foi por isso que escolhi ser Enfermeira.”

 

Na sua opinião, o que é que faz de si uma boa líder?

Acho que é a minha capacidade de gestão de pessoas e de situações. Desde pequenina que aprendi a gerir o meu tempo, a conviver em ambientes distintos e a gerir personalidades diferentes. Para além disso, sou, também, uma pessoa muito disponível. Os estudantes de enfermagem têm visto coisas que há muito tempo não viam e isso é resultado do trabalho que eu tenho realizado em conjunto com a minha equipa. Eu, enquanto líder, sou a cara do projeto, mas só em equipa é que somos capazes de fazer grandes coisas.

 

De que forma é que com a pandemia os estudantes de enfermagem terão sentido a sua missão reforçada?

Nós vivemos intensamente a pandemia, porque enquanto estagiários acompanhamos de perto muitos doentes. Andávamos para trás e para a frente sempre acompanhados da declaração para podermos circular. Durante o período mais crítico da pandemia, os enfermeiros eram a companhia das pessoas. Havia doentes internados durante três meses sem poderem receber a visita de um único familiar. Nós éramos a companhia deles.

 

Como é que gere as expectativas que tem com o seu futuro?

Não olho para o futuro nem desanimada, nem superconfiante. Olho com realismo, mas com vontade de que seja diferente e isso só é possível se formos capazes de fazer das coisas más, coisas boas. Por exemplo, a pandemia trouxe muita coisa má, mas também trouxe coisas boas. O meu lema de vida é ser capaz de olhar para as coisas más e ver coisas positivas e eu acho que também foi por isso que escolhi ser Enfermeira. Um enfermeiro tem de fazer diariamente este exercício. Vamos receber diariamente notícias de que alguém pode ter poucos dias de vida, mas mesmo assim vamos ter de ser capazes de fazer com que esses dias sejam bons.

 

O que sonha fazer depois de terminado o seu curso?

Eu adoro comunicar, adoro conviver, adoro socializar, principalmente com todo o tipo de idades: bebés, crianças, idosos, adultos. Este gosto por trabalhar com idades tão diferentes tem-me feito pensar que se calhar aquilo que eu quero é trabalhar num Centro de Saúde. Não gosto de rotinas e num centro de saúde dificilmente encontrarei monotonia. Há muita gente que ainda desconhece a existência de um enfermeiro de família, por exemplo. Gosto da ideia de poder acompanhar a evolução das pessoas e de conhecer a história de vida delas. Para além disto, também gostaria de estar ligada à enfermagem desportiva e quem sabe se ligada ao Futebol Clube do Porto, clube do qual sou sócia antes de ter sido registada como cidadã portuguesa (risos)!

 

Atualmente, integra a Assembleia de Freguesia da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto. Também imagina o seu futuro com ligações à política?

Sim, idealmente quero conseguir alinhar a enfermagem com a política. Por exemplo, na Ordem dos Enfermeiros ou quem sabe um dia ser a Ministra da Saúde. Vou querer que estas duas áreas estejam ligadas porque sinto que aqui posso contribuir e servir.

 

E o que é que está disposta a fazer pelos seus sonhos?

Sou muito ambiciosa e estou disposta a trabalhar o que for preciso para chegar ao topo. Dando sempre o meu melhor e colocando as minhas qualidades ao serviço dos outros.

 

pt
12-01-2022