Rita Vedor: “Fascina-me contribuir para melhorar a vida das pessoas.”

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Rita Vedor tem 22 anos e é estudante do mestrado em Microbiologia Aplicada da Escola Superior de Biotecnologia (ESB) e, também, é bolseira de investigação no Centro de Biotecnologia e Química Fina. O seu principal tema de investigação são os probióticos e é nessa área que pretende impactar positivamente o mundo. Apaixonada pela vida académica, assume o cargo de Presidente da Associação de Estudantes e tem como principal objetivo promover a igualdade entre todos.

 

Porquê a Microbiologia?

Eu andei no Colégio Alemão do Porto e até ao final do ensino secundário tive sempre todas as disciplinas das diferentes áreas. No fundo, sempre gostei de tudo, das letras e das ciências, e essa foi a dificuldade da minha escolha.  Acabei por ter a ideia de ir para farmácia, por causa da investigação. Via nas séries e ficava fascinada (risos)! Aquele ambiente de laboratório associado a muito conhecimento despertava em mim um interesse enorme. Já tinha a certeza de que queria Farmácia, quando descobri a Escola Superior de Biotecnologia, através de uma amiga minha, e a Licenciatura em Microbiologia, que até aí desconhecia. Porque não? Decidi experimentar e gostei muito.  

 

Porquê o fascínio pela investigação?

O que me fascina é a possibilidade de contribuirmos para melhorar a vida das pessoas, a possibilidade de impactarmos positivamente a vida do outro. Sempre quis ajudar as pessoas e sempre tive a consciência de que para ajudarmos a saúde dos outros não precisamos de ser médicos, porque há um trabalho enorme de bastidores que é assegurado pela investigação.

 

Como é que foi a sua experiência na licenciatura?

A Licenciatura em Microbiologia é bastante abrangente e, por isso, quando a terminei é que tive a total consciência da globalidade do curso e de como isto me dava ferramentas para a minha vida profissional. Durante o curso, gostei muito da vida académica e acho que foi aqui que me descobri, neste ambiente de muitas atividades, desafios e oportunidades. A minha experiência durante a licenciatura não se limitou às aulas, mas sim a toda a envolvente. Foi aqui que descobri realidades diferentes e que pude crescer com elas.

 

Como é que descreve o ambiente que se vive na ESB?

Somos uma verdadeira família. A nossa dimensão permite-nos criar uma ligação muito forte. A ligação que existe não é apenas entre os estudantes de cada um dos cursos, mas sim entre os três cursos (Bioengenharia, Ciências da Nutrição e Microbiologia) . Há, também, uma proximidade muito grande com os professores. Desde a primeira aula que os professores dizem “o meu gabinete é aquele e a porta está sempre aberta”. É esta ligação que nos faz gostar tanto de estar cá. É um ambiente muito acolhedor, muito convidativo. Aqui formamo-nos não só como bons profissionais, mas, também, enquanto boas pessoas.

 

“Quero que todos compreendam que a Associação de Estudantes tem um papel importante e que está cá para promover a igualdade entre todos.”

 

É, atualmente, a Presidente da Associação de Estudantes da ESB. Como é que surge esta vontade?  

Eu sempre quis pertencer à Associação de Estudantes (AE), sempre me senti chamada a participar e a estar envolvida em projetos académicos. Esta oportunidade só se tornou possível quando, no ano passado, integrei a direção da AE. A oportunidade de ser a presidente surge de um acaso. O antigo presidente da AE queria que o seu mandato tivesse uma continuidade, e como praticamente toda a gente se ia embora, ele perguntou-me “Porque é que não ficas tu, Rita?”. Confesso que até esse momento nunca me tinha imaginado no lugar de presidente, até porque nunca reconheci em mim muitas capacidades de liderança, mas decidi arriscar e hoje aqui estou eu! Tem sido uma experiência muito rica.

 

Como é que define a principal missão do seu mandato?

Estou a virar-me para dentro, o meu interesse são os nossos alunos. O meu objetivo é fazer com que os alunos participem nas iniciativas e se envolvam verdadeiramente. Quero que todos compreendam que a associação tem um papel importante e que está cá para promover a igualdade entre todos. Todos devem ter o direito de participar integralmente na vida académica.

 

Esteve envolvida no projeto piloto de Aprendizagem Serviço que pretendia dar a conhecer os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Há algum objetivo que a tenha marcado de forma particular?

O meu grupo focou-se muito na igualdade de género. Sei bem que é uma realidade que já tem vindo a ser trabalhada, mas ainda há muito caminho a percorrer. Apesar disso, sinto que vivo num meio privilegiado e estou agradecida por isso. O mundo da Ciência em particular ainda não é muito associado às mulheres, no entanto a minha experiência no Centro de Biotecnologia e Química Fina (CBQF) é precisamente a contrária, porque é um centro que tem vindo a ser gerido por mulheres o que é uma grande inspiração para mim.

 

De que forma é que acha que as atividades extracurriculares são um desafio para os estudantes? 

Todas estas atividades exigem que tenhamos uma boa capacidade de organização e gestão de tempo. Para além disto, todos os projetos põem-nos em contacto com realidades diferentes, ajudam-nos a sair da zona de conforto e abrem-nos caminhos para o mundo profissional. Outro elemento importante é que nos ensinam a comunicar. Eu era uma pessoa muito tímida e reconheço que foi nesta dinâmica de atividades e projetos que estou a conseguir comunicar melhor e dar-me mais aos outros. 

 

“Na ESB sinto-me sempre acompanhada, nunca estou sozinha.”

 

Na sua investigação tem-se focado nos probióticos. Porquê o interesse neste tema?

Dentro da Microbiologia nunca gostei muito da parte que faz mal ao nosso corpo e, por isso, optei por explorar a parte dos probióticos. Desde o primeiro ano da licenciatura que em trabalhos de tema livre explorava os probióticos. Percebi, desde cedo, que era por aqui o meu caminho. Atualmente é, também, o tema da minha tese.  

 

Em paralelo com o seu mestrado, foi contratada como bolseira de investigação pelo CBQF. Como encara esta oportunidade?

Primeiro, encaro como uma excelente oportunidade de desenvolvimento e aprendizagem, especialmente porque completa o meu mestrado, na medida em que investigo os mesmos microrganismos. Também é um grande voto de confiança no meu trabalho e sinto uma grande responsabilidade. Sinto-me a ganhar uma grande autonomia e quero poder contribuir com as minhas capacidades e aprender cada vez mais.

 

Quais considera serem as características mais importantes para alguém que quer fazer investigação?

A resiliência, porque o nosso trabalho é muito baseado na tentativa e no erro. É importante que um investigador seja muito focado e determinado e, também, é essencial que tenha confiança no seu trabalho. É isto que eu procuro ser.

 

“O que me move é poder servir os outros e o mundo.”

 

Que planos tem para o futuro?

Gostava de continuar aqui pela ESB a fazer o doutoramento. Aqui há imensas oportunidades e o melhor é que me sinto sempre acompanhada, nunca estou sozinha. Também gostava de poder explorar no futuro a parte ligada à indústria alimentar. Aquilo que experimento em laboratório poderá ser aplicado em novos produtos e isso entusiasma-me!

 

O que é que a move?

O meu objetivo em tudo é querer ajudar. Em todos os projetos em que me envolvo tenho sempre como missão contribuir para alguma coisa. Seja na minha investigação, seja no voluntariado, seja na Associação de Estudantes. O que me move é poder servir os outros e o mundo, na certeza de que, se cada um fizer o seu pequeno contributo, conseguimos grandes mudanças e transformações positivas.

 

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26-05-2022