Francisca Osório de Castro: “Fiz parte da primeira turma da Dupla Licenciatura em Direito e em Gestão da Católica.”

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Francisca Osório de Castro é advogada e alumna da Dupla Licenciatura em Direito e em Gestão da Universidade Católica Portuguesa no Porto. Fez parte da primeira turma deste programa que junta a Católica Porto Business School e a Escola do Porto da Faculdade de Direito. Depois de uma experiência profissional de 4 anos na Morais Leitão, está, atualmente, a frequentar o Mestrado em Fiscalidade da New York University. O objetivo depois de uma temporada a trabalhar lá fora? “O objetivo é sempre um dia voltar para Portugal. Para mim, é o melhor país do mundo”.

 

É licenciada em em Direito e em Gestão pela Universidade Católica. O que foi mais marcante durante os anos do curso?

Fiz parte da primeira turma da Dupla Licenciatura. Éramos os primeiros e éramos poucos. Sentíamos que estávamos a construir aquele curso, juntamente com o corpo docente. Como éramos uma só turma fizemos todos o curso verdadeiramente juntos. Havia uma imensa partilha de recursos e um grande companheirismo. O ambiente era extraordinário.

 

Foram 5 anos exigentes?

Foram cinco anos em que tive de conciliar dois tipos de estudo muito diferentes. Para as cadeiras de Gestão estuda-se de uma forma e para as de Direito de outra. São áreas que pedem coisas diferentes e ao longo do curso temos de ser capazes de nos adaptar a essas diferenças. Lembro-me das temporadas de estudo. Eu e umas amigas juntávamo-nos em grupo e durante 15 dias praticamente vivíamos juntas. Estudávamos muito, mas é uma memória ótima que guardo. A contrariedade de ter de estudar (risos) era compensada pela excelente companhia.

 

Esteve em Montreal de Erasmus ...

Foi uma experiência muito marcante. Foi a minha primeira experiência fora de casa. Fui com uma amiga minha. Estivemos lá meio ano a apanhar um frio de rachar. Cheguei a apanhar -25 graus.

 

Acaba por enveredar pela área do Direito Fiscal...

Sim, é uma área onde se manifesta de modo particular a complementaridade entre as duas áreas. No Direito Fiscal, os conhecimentos do Direito e da Gestão entrecruzam-se. É uma área que de alguma forma me estava destinada.

 

O que é que é mais fascinante nessa área?

Desde logo, é muito útil e com um grande impacto na vida das pessoas e das empresas. Por outro lado, é um ramo do Direito que apela à criatividade, dentro dos limites da lei claro, e, também por isso, é tão desafiante. É uma área onde ainda é possível tentar encontrar novas soluções para velhos problemas, ou soluções diferentes para os mesmos problemas. E implica um esforço de permanente atualização, porque não se pára de produzir legislação ao nível europeu, ao nível doméstico e até na OCDE. Hoje em dia, o Direito Fiscal é exponencialmente mais complexo do que era dantes. Muito por causa dessa produção de legislação há, cada vez mais, uma tendência para a especialização.

 

Depois de se licenciar, entrou para a Morais Leitão.

Foi onde fiz o meu estágio à Ordem e onde fiquei a trabalhar. Entrei num departamento que me permitiu ter um grande nível de autonomia e de responsabilidade que certamente não teria tido noutro lugar. Foi uma importante rampa de lançamento para o meu percurso profissional. Foi lá que confirmei que queria trabalhar na área do Direito Fiscal e entendi que devia ter um mínimo de experiência profissional antes de vir fazer o mestrado. A experiência de trabalho foi crucial.

 

Atualmente, está em Nova Iorque a fazer o mestrado em fiscalidade na New York University.

Estou dedicada ao mestrado até ao Maio de 2025 e depois terei de fazer o exame para a ordem dos advogados de cá para me habilitar a trabalhar como advogada aqui ou noutros países de common law. Quero, numa próxima fase, exercitar os conceitos de fiscalidade internacional que estou a aprender. Se voltar já para Portugal corro o risco de não fazer uso destas competências que estou a adquirir aqui e a prática é essencial para consolidar conhecimentos. Mas o objetivo é sempre voltar para Portugal, embora não no curto prazo. Andarei por fora o tempo suficiente para depois voltar e poder desfrutar, verdadeiramente, de Portugal. Portugal é o melhor país do mundo, isso nem tem discussão (risos).

 

O que é que está a ser mais enriquecedor nesta experiência em Nova York?

Nova Iorque é uma capital mundial onde há muito investimento e muita fiscalidade à mistura. Na Universidade, as possibilidades de networking são extraordinárias e a faculdade providencia montes de recursos e de palestras. Aqui pode-se aprender sobre tudo aquilo que se queira.

 

Como é a vida em Nova York?

Sou uma pessoa muito ativa por natureza, não me vejo a viver num local demasiadamente calmo. Sinto-me bem aqui e gosto do ritmo de vida. Gosto de conhecer novas pessoas e novos sítios. Sou apaixonada por gastronomia e Nova Iorque é uma espécie de gigantesco buffet em que nada falta. A oferta é também muitíssimo diversificada no plano cultural, em particular no que diz à respeito à música, que é uma das coisas que mais gosto na vida.

 

Em Portugal, chegou a ter uma carreira na música.

Sim, lancei dois discos e canto e toco instrumentos desde pequena. A um dado momento, não me senti absolutamente realizada e decidi seguir outro caminho. Aqui em Nova Iorque tenho tido novamente mais contacto com a música, porque é uma cidade musicalmente muito diversa. Há bares em todo o lado, as pessoas apresentam os seus temas, há muitos encontros à volta da música. Participei outro dia num coro. Éramos cerca de 100 pessoas. Inscrevi-me, enviaram-me as pautas para casa e depois juntámo-nos todos para cantar num grande pavilhão. A música faz e fará sempre parte da minha vida.

 

 

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15-05-2025