Luís Tavares: “No Mestrado comecei a ter as minhas primeiras ideias de negócio.”
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Luís Tavares é mestre em Gestão, com a especialização em Gestão de Serviços, pela Católica Porto Business School e consultor imobiliário. Dos anos passados na Católica, destaca a disciplina e o método de trabalho como bases fundamentais para qualquer negócio. O contacto com professores que marcaram e a oportunidade de desenvolver a tese em colaboração com a Porsche foram marcos decisivos no seu percurso. Hoje, vê na consultoria imobiliária um setor desafiante, com uma grande margem para profissionalização. Um livro? “A única coisa”, um livro “obrigatório para consultores”.
Quais são os maiores desafios de trabalhar na área da consultoria imobiliária?
A consultoria imobiliária é uma área muito pouco profissionalizada em Portugal. Infelizmente, é um negócio de recurso e não de opção. Muitas pessoas escolhem a área em períodos em que o mercado está em alta pois é criada uma sensação de facilidade em fazer negócios que faz com que muita gente pouco preparada e especialmente pouco qualificada ingresse na mesma. Como é óbvio isto também só acontece pois não existem quaisquer barreiras à entrada. Numa área onde se lida com centenas de milhares de euros ou até milhões, era expectável que existisse um controlo superior, mas a realidade é que é esta mesma situação que faz com que atualmente a área se apresente como uma enorme oportunidade para verdadeiros profissionais que se destaquem. Considero, também, que é uma área muito difícil de gerir ao nível psicológico. Todos os dias começamos do “zero”. Acordamos sem negócios fechados e não sabemos se os fecharemos até ao final do dia. E sem negócios fechados não há faturação. Dependemos apenas de nós mesmos, da nossa resiliência e motivação, para fazer funcionar toda uma estrutura.
Como avalia o atual momento do mercado imobiliário em Portugal? Que tendências considera mais relevantes?
Diria que exigente. Vamos ser honestos… o mercado só é fácil ou difícil para quem nele ingressa pela primeira vez. Vejo quem já tem casa própria há bastantes anos e se queixa do mercado atual pois não consegue comprar. Não nos podemos esquecer que se está “caro” para comprar, também venderemos caro, e vice-versa. Para quem agora ingressa no mercado, especialmente os jovens, sim, considero exigente e não considero as medidas atuais de “apoio” benéficas. Regular o mercado imobiliário na situação atual tem de passar por medidas que visem a oferta e nunca a procura.
É mestre em Gestão de Serviços pela Católica Porto Business School. Quais as principais competências que adquiriu durante o Mestrado?
Disciplina e método de trabalho, sem dúvida! São, literalmente, a base para qualquer negócio.
Como descreve a experiência vivida ao longo do Mestrado?
O meu período de Mestrado foi realmente interessante. Foi aí que comecei a pensar mais ativamente na vida profissional e que comecei a ter as minhas primeiras ideias de negócio. Foi um período de muita aprendizagem, especialmente devido aos professores que nos acompanharam. Foi, também, um período de algumas “lutas” pessoais com muitas dúvidas sobre qual seria o caminho mais acertado a seguir quando terminasse os estudos.
Houve alguma disciplina ou projeto que o tenha marcado de forma especial?
A minha tese de mestrado. Quando tive de escolher uma opção para efetuar o meu estágio profissional decidi que queria algo fora da caixa. Foi aí que iniciei a relação com a Porsche, onde pude fazer um trabalho final de mercado que realmente acrescentou valor, a mim e à própria entidade.
Em 2024, foi destacado na lista de 30 under 30 da Forbes. O que significou esta distinção?
Um sonho que nunca sequer existiu! Nunca imaginei ser destacado numa lista tão prestigiada como esta. As 30 pessoas com menos de 30 anos em Portugal que mais se destacaram nas suas respetivas áreas, foram destacadas pela FORBES Portugal e eu fui um dos escolhidos…Parece-me completamente irreal apesar de já ter passado um ano. É um orgulho imenso e, mais do que isso, é a perceção de que o meu trabalho se destaca também fora do setor imobiliário.
Qual a importância e a pertinência do estudo da Gestão de Serviços?
O futuro são os serviços… mais ou menos digitais, mas são os serviços. As pessoas procuram cada vez mais “serviço” e qualidade no mesmo. Mesmo as empresas que antigamente se focavam em produtos, hoje em dia procuram associar serviços a esses mesmos produtos. Gestão de serviços é das áreas mais abrangentes da atualidade.
De que forma a formação em Gestão de Serviços ajuda a responder às exigências de um sector tão competitivo como o imobiliário?
O meu trabalho de consultor não é nada mais que gestão de clientes. Gerimos clientes e expectativas diariamente e é aí que nos podemos destacar da concorrência. Profissionalismo, conhecimento, mas principalmente uma boa capacidade de adaptação e ligação a pessoas são os fatores principais.
Como é que se lida com as expectativas e exigências dos clientes num contexto económico incerto?
Uma vez mais, a gestão de clientes é mesmo o mais importante. Atualmente, para mim é, sem dúvida, mais fácil, pois, felizmente, já tenho provas dadas no mercado o que ajuda a estabelecer uma relação de confiança, mas é sempre um percurso que tem de ser percorrido por quem entra na área. A confiança não se pode exigir, tem de se merecer.
Um livro e um filme que recomende?
“A única coisa” é um livro associado à empresa Keller Williams e é, sem dúvida, uma leitura obrigatória para consultores e não só. Mostra-nos a importância de priorizar tarefas no negócio. A série “Suits” foi o que me fez apaixonar pelo mundo empresarial.
17-07-2025