Arménio Rego: "Saindo da bolha"

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Arménio Rego: "Saindo da bolha"
Quarta-feira, 20 de Janeiro de 2021 in Líder Online

Steve Ballmer, que liderou a Microsoft entre 2000 e 2014, foi considerado pela Forbes, em 2012, o pior CEO de uma grande empresa americana cotada. A empresa terá perdido oportunidades em áreas como os smartphones, as redes sociais e alguns aspetos da cloud computing. Ballmer era ousado, exuberante, um vendedor nato, intelectualmente brilhante e dotado de colossal garra. Mas era também temperamental e rude.

Joachim Kempin, ex-executivo da empresa, afirmou que Ballmer "tinha uma presença sufocante" e estava permanentemente focado em eliminar potenciais ameaças ao seu reinado. A Business Insider (12 set. 2012) incluiu Ballmer na lista de 18 executivos que lideravam pelo medo. Mark Lucovsky, ex-empregado da Microsoft, corroborou este retrato.

Ballmer terá ameaçado "matar a Google" (crime que não foi capaz de cometer). Terá também atirado uma cadeira pelo ar quando Mark lhe disse que abandonaria a empresa. Satya Nadella, que sucedeu a Ballmer, denota um perfil distinto - pelo menos segundo depoimentos a que é possível aceder.

Mais discreto, Nadella pauta-se por uma conduta mais empática, compassiva e justa. Os executivos que o rodeiam não temem veicular-lhe a má notícia. Enquanto Ballmer gerava ressentimento, a postura de Nadella conduz ao sentido de gratidão. O seu perfil tem-lhe permitido criar alianças frutuosas. Em 2019, foi eleito "Pessoa do Ano" pelo Financial Times.

Segundo David Bodanis, autor de "The art of fairness", Nadella pauta o seu comportamento por três princípios de justiça. Primeiro: escuta judiciosamente, o que lhe permite aceder a conhecimento, informação e ideias valiosas. Segundo: não sendo ingénuo, é generoso. É, parafraseando Adam Grant (sugestão de leitura: "Give and Take"), um giver sábio. Terceiro: Nadella defende-se, mas não é híper defensivo. Terá o perfil de Nadella sido influenciado pelas experiências de vida pessoal e familiar?

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