"Cegueira Introspetiva"

Business School
"Cegueira Introspetiva"
Quarta-feira, 16 de Novembro de 2022 in Lider Online

Artigo de opinião por Arménio Rego, docente da Católica Porto Business School.
O desenvolvimento pessoal em geral, e o das lideranças em particular, requer autoconhecimento – como bem recomenda a célebre máxima alegadamente inscrita no Templo de Apolo em Delfos: “Conhece-te a ti mesmo/a”. O autoconhecimento traduz-se em vários benefícios. Permite-nos compreender as forças e fraquezas próprias. Ajuda-nos a identificar áreas e processos em que temos mais possibilidades de ser bem-sucedido/as. Torna-nos mais predisposto/as para aprender e melhorar. Ajuda-nos a compreender quem são as pessoas de quem podemos rodear-nos para que supram as nossas falhas e debilidades. Assim se compreende porque a primeira etapa de muitos processos de desenvolvimento de líderes é um exercício de autoconhecimento.
A autorreflexão pode ser uma boa forma de encetar e alimentar esse processo de autoconhecimento. Mas tem potencial limitado. Pessoas muito narcisistas, com egos muito insuflados, exageram as suas capacidades e subestimam as suas fraquezas. São incapazes de compreender como os seus comportamentos e atitudes afetam verdadeiramente os liderados. Não estão cientes da necessidade de mudar. Em contraste, pessoas com níveis de autoestima e autovalor muito baixos, ou dotadas de grande humildade, sobrestimam as suas fragilidades e subestimam as suas qualidades positivas. Estão mais predispostas a fazer esforços de desenvolvimento. Daqui decorre um paradoxo: as pessoas que mais necessitam de fazer autorreflexão, para crescerem como líderes, são as menos capacitadas para fazê-la de modo rigoroso.

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