“Cumplicidades”

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“Cumplicidades”
Sexta-feira, 6 de Outubro de 2023 in Líder Online

Artigo de opinião de Arménio Rego, docente da Católica Porto Business School
As doenças das organizações e das sociedades resultam fortemente das ações das lideranças. Mas a cumplicidade dos liderados, reguladores, supervisores e observadores é igualmente crucial. A história, inclusivamente a das organizações, está repleta de tragédias e desvergonhas que foram alimentadas pela participação ativa, o conluio, o silêncio ou a passividade de várias pessoas e entidades.
Um ex-membro do conselho de administração do BES assumiu: “Em seis anos nunca abri a boca, entrava mudo e saía calado. Bem como todos os restantes administradores”. Afirmou que “Não havia perguntas não porque não pudesse haver, mas porque jamais alguém as fez”. E acrescentou que os administradores não executivos eram “verdadeiros verbos de encher”, um “detalhe, um acessório no toilete de uma senhora”. Recebia cerca de 2400 euros líquidos por reunião do conselho de administração, mas não lhe ocorreu abrir a boca ou bater com a porta. Não assumiu qualquer responsabilidade pelo sucedido no BES e sacudiu-a para cima do Banco de Portugal, a CMVM e as empresas de auditoria.

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