Francisca Guedes de Oliveira: "A economia e o futebol"

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Francisca Guedes de Oliveira: "A economia e o futebol"
Sexta-feira, 25 de Junho de 2021 in Jornal Económico Online (O)

Neste período que vivemos é inevitável falar de futebol! Perdoem-me os entendidos a minha ignorância, mas acho que há alguns factos que são óbvios e que revelam muito acerca dos portugueses. Neste período que vivemos é inevitável falar de futebol!

Perdoem-me os entendidos a minha ignorância, mas acho que há alguns factos que são óbvios e que revelam muito acerca dos portugueses. Daquilo que consigo entender e do que ouço dos especialistas lá de casa, temos, do ponto de vista de jogadores individuais, uma das duas ou três melhores seleções europeias.

Se isto é assim, a nossa superioridade deveria ser esmagadora. Não devíamos sofrer quatro golos da Alemanha, nem estar ansiosos à espera do jogo com a França (por alturas da escrita desta crónica ainda não sei o resultado...) para saber se passámos da fase de grupos.

Certo que calhámos no grupo da morte, mas pelo menos um excelente terceiro lugar dever-nos-ia garantir a passagem. No meu entendimento de leiga, o nosso problema tem a ver com falhas do ponto de vista de sistema organizativo. Falta-nos liderança, estratégia e organização.

Falta-nos a capacidade para potenciar os talentos individuais e garantir que a soma é maior do que as partes. É assim no futebol e é assim na economia. Temos engenheiros de primeira qualidade, temos técnicos informáticos (e não só) fabulosos, temos enfermeiros que se destacam por este mundo fora, em suma, temos trabalhadores de excelência em áreas qualificadas.

Mas a verdade é que temos sistematicamente baixas produtividades e somos genericamente pouco competitivos. Mais, quando estes mesmos trabalhadores (e até os não tão qualificados) são postos a trabalhar sob uma direção alemã (por exemplo) ou são postos a "jogar" lá fora, funcionam muitíssimo bem em coletivo, com elogios rasgados das organizações e dos seus diretores. Andámos há anos a tentar convergir com a Europa e estamos sempre na cauda.

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