Francisca Guedes de Oliveira: "Escolas públicas e privadas"

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Francisca Guedes de Oliveira: "Escolas públicas e privadas"
Sexta-feira, 19 de Fevereiro de 2021 in Jornal Económico (O)

Quando anunciaram os 15 dias de férias escolares, fiquei surpreendida. Com as férias, e com a discussão que se gerou. Sobretudo com as críticas e argumentos vindos de pais com filhos a frequentarem o ensino privado, e dos próprios colégios privados.

O fecho das escolas veio alterar o calendário letivo e só podia ser feito de forma igual no público e no privado (exceção feita, eventualmente, às escolas internacionais que não seguem o nosso calendário). Férias são férias, e os colégios privados não podem dar aulas nas férias e, dessa forma, criarem mais um desequilíbrio entre os dois sistemas.

Os colégios não podem dar menos férias aos seus alunos mesmo que isso seja conveniente para os pais, ou porque, simplesmente as consideram excessivas. Podem marcar toneladas de trabalhos de casa e de trabalho autónomo que obrigue os alunos a terem, efetivamente, menos férias.

Mas é trabalho em casa. Não são aulas, nem tão-pouco nenhuma forma de "apoio" (utilizado aliás durante este período para mascarar aulas de facto dadas pelos colégios). Fiquei, por isso, bastante incomodada com um discurso de que os alunos dos privados estavam a ser prejudicados (a sério?) por causa da incapacidade de o ensino público dar resposta.

Que não se podia prejudicar os coitados (a sério?) dos alunos dos privados só para se tratar de forma igual os menos favorecidos, ou todos aqueles que optaram (nem sempre a opção existe!) pelo público. Mas de facto, o que mais me incomodou foi que o ruído acerca dos direitos dos alunos nos privados tirou o foco daquilo que era essencial escrutinar.

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