Francisca Guedes de Oliveira: "Farewell UK"

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Francisca Guedes de Oliveira: "Farewell UK"
Sexta-feira, 8 de Janeiro de 2021 in Jornal Económico Online (O)

2021 é um ano de enormes expetativas e de esperança: é o ano em que esperamos pôr fim à pandemia e repor algo parecido com uma normalidade; é o ano em que esperamos recomeçar a viajar, a festejar com amigos e família as ocasiões adiadas e prometidas; é o ano em que esperamos poder voltar a abraçar todos e a cumprimentar com dois beijos, tão portugueses.

É, por isso, um ano que esperamos bem mais risonho. Mas este ano ficará também registado, de forma muito triste, como sendo o primeiro ano no qual o Reino Unido deixa formalmente e de forma irreversível (pelo menos num prazo previsível) a União Europeia. É certo que foram eles que quiseram sair, é certo também que nunca estiveram dentro de forma plena, mas é sem sombra de dúvida uma grande perda para todos nós, europeístas.

Esqueçamos os políticos britânicos concretos que permitiram/alimentaram esta separação e que, creio bem, ficarão para a história como tendo feito um péssimo serviço ao seu país. Esqueçamos também alguns laivos de arrogância que sempre se lhes reconheceu face ao "continente" e que nós, Portugueses, conhecemos bem pelo modo como nos foram tratando, tantas vezes, ao longo da história. Como todos os povos e países, o Reino Unido - até talvez mais do que muitos outros - tem características menos simpáticas e outras mais agradáveis; tem, na sua história, momentos horríveis e momentos heroicos.

Mas é (ou era) uma peça imprescindível e, sem ele, o puzzle europeu fica irremediavelmente empobrecido. Do ponto de vista económico, não restam dúvidas de que, pelo menos no curto/médio prazo, o Reino Unido vai perder e sofrer mais do que a União Europeia. Muito provavelmente, continuará a ter a maior praça financeira da Europa e com mais ou menos dificuldade e negociando acordos com vários países, conseguirá manter-se uma potência económica relevante.

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