Francisca Guedes de Oliveira: "O racional das escolhas"

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Francisca Guedes de Oliveira: "O racional das escolhas"
Sexta-feira, 22 de Janeiro de 2021 in Jornal Económico Online (O)

Por muito que cada um de nós tenha uma opinião forte sobre o que fazer, o confinamento só resulta se fizermos o que nos dizem para fazer. E, neste processo, os media têm um papel fundamental a desempenhar. A dificuldade de decidir o nível ótimo de confinamento é que o problema de otimização é multidimensional e intertemporal.

Multidimensional porque se pretende controlar a pandemia minimizando os efeitos nefastos na economia, na saúde física e psíquica das populações, na qualidade da educação dos nossos estudantes. Intemporal porque, sendo óbvio que o foco de hoje tem que ser na luta à doença, esta luta tem que se fazer garantindo que temos país amanhã.

Estas dificuldades exigem que, mais do que nunca, as decisões sejam baseadas em informação e conhecimento. É de enorme importância que a ciência estude as várias facetas deste problema e providencie o conhecimento necessário para que as decisões dos governantes sejam racionais e justificadas. Os estudos feitos devem ser divulgados para que a população em geral possa compreender que muitas das decisões não são arbitrárias e que o muito português "eu acho que" não é o melhor caminho.

Mais, por muito que cada um de nós tenha uma opinião forte sobre o que fazer, o confinamento só resulta se, independentemente das nossas certezas, fizermos o que nos dizem para fazer. Os media têm neste processo um papel fundamental. Cabe-lhes fazerem uma divulgação séria dos resultados destes trabalhos e terem a atitude pedagógica de passarem a informação de forma objetiva sem o foco no alarme e nos grandes títulos "à Correio da Manhã". Gostava de chamar a atenção para dois destes trabalhos, e para a sua divulgação, cuja importância para as decisões a tomar nesta terceira vaga são extremamente relevantes.

No "Público" de dia 15 de janeiro, foram apresentadas sumariamente as conclusões de um estudo levado a cabo pela consultora PSE, que quantifica as medidas de confinamento quanto à sua eficácia no combate à pandemia e o respetivo efeito na contração da economia. Perante estas duas dimensões concluem que as medidas a tomar são aquelas que tendo um maior efeito no afetam o menos possível a economia.

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