"Lava-pés e o homem que quebrou o capitalismo"

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"Lava-pés e o homem que quebrou o capitalismo"
Quarta-feira, 19 de Abril de 2023 in Líder Online

Artigo de opinião por Arménio Rego, docente da Católica Porto Business School. 
O rito de lava-pés, durante o Tempo Pascal, pode exercer sobre nós um efeito transformador. Tive o privilégio de assistir a essa cerimónia, recentemente, durante uma enternecedora missa pela memória de um grande amigo. Durante os dias de descanso que a Páscoa permitiu, aproveitei para ler “Jack Welch – The Man Who Broke Capitalism”. A relação entre os dois temas pode parecer bizarra. Mas não é. Há quem lidere lavando os pés das pessoas – e há quem lidere forçando as pessoas a beijarem-lhe os pés.
Jack Welch liderou a General Electric (GE) durante duas décadas, e fê-la crescer exponencialmente. Foi idolatrado como uma espécie de messias da gestão. Os mercados ajoelharam-se a seus pés. Chegou a ser considerado “o gestor do século”. Focado, brutalmente, no desempenho financeiro e na maximização do valor para o acionista, cultivou a contabilidade criativa e despediu muitos milhares de pessoas ao mesmo tempo que se banqueteava com chorudos milhões. Destruiu capital social e desinvestiu em inovação, investigação e desenvolvimento. Encarando a empresa como máquina de fazer dinheiro, hipotecou objetivos de sustentabilidade. Ao libertar a empresa da responsabilidade social perante os empregados, levou a cabo uma “campanha contra a lealdade”. Ou seja: encarou o empregado como mero recurso que não deve esperar qualquer lealdade recíproca.

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