Rui Soucasaux Sousa: "A servitização digital como alavanca competitiva da indústria portuguesa"

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Rui Soucasaux Sousa: "A servitização digital como alavanca competitiva da indústria portuguesa"
Sexta-feira, 26 de Março de 2021 in Negócios

A servitização digital como alavanca competitiva da indústria portuguesa. A composição das economias europeias alte-rou-se significativamente nos últimos 30 anos. A indústria perdeu peso face a uma concorrência crescente por parte de países com custos laborais mais baixos, nomeadamente da Ásia.

Ao invés, os setores de serviços cresceram, representando hoje mais de 65% do PIB nos países desenvolvidos. Como resposta a estes desafios, as empresas industriais portuguesas têm inovado nos seus produtos e processos produtivos como forma de diferenciação competitiva e subida nas cadeias de valor globais.

Existe, no entanto, uma estratégia complementar que tem recebido menos atenção por parte das empresas portuguesas. Trata-se da estratégia de servitização, que consiste essencialmente em os fabricantes competirem através de ofertas integradas de produtos e serviços, e não apenas com base nos produtos (Sousa, R (2019), A Servitização da Indústria - Como Competir através dos Serviços, eBook, Universidade Católica Portuguesa).

Por exemplo, o fabricante de veículos pesados MAN oferece aos seus clientes - empresas de logística contratos por resultados, nos quais mantém a propriedade dos camiões e os clientes pagam uma taxa fixa por len percorrido. Em troca, o cliente recebe uma gama de serviços de manutenção preventiva, análise do comportamento do motorista e consumo de combustível, permitindo a otimização das suas operações de transporte. Estes serviços são assegurados pela monitorização remota dos veículos, realizada através de sensores e tecnologias de comunicação. As vantagens da servitização são diversas e amplamente reconhecidas.

Primeiro, permite ao fabricante desenvolver relações próximas e diretas com os seus clientes, com vista ao aumento da sua fidelização.

Segundo, a venda de serviços proporciona, em geral, fluxos de receita mais estáveis ao longo do tempo (e.g. uma mensalidade associada a um contrato de manutenção), quando comparado com a venda de produtos. Esta vantagem é muito importante em situações de recessão, como a que atravessamos. Nestas alturas, os clientes tendem a adiar a compra de produtos, mas continuam a adquirir serviços relacionados com o seu funcionainento (e.g. manutenção dos veículos).

Finalmente, a servitização pode contribuir para a redução da pegada ambiental dos produtos. Ao proporcionar ao cliente uma melhor manutenção dos mesmos, a servitização podeprolongar o seu ciclo de vida e reduzir consumos (energéticos e de materiais).

Nota: Pode ler o artigo completo na edição impressa do Jornal de Negócios de 26 de março de 2021.

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