Susana Costa e Silva: "Vamos dar o benefício da dúvida à Inteligência Artificial"

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Susana Costa e Silva: "Vamos dar o benefício da dúvida à Inteligência Artificial"
Segunda-feira, 24 de Maio de 2021 in Jornal Económico Online (O)

Já sabemos que o receio do desconhecido é o maior inimigo da aceitação de novas tecnologias. É por isso que convém desmistificar o que é a IA para não ceder à tentação fácil de recusar a mesma ou considerá-la uma ameaça. Muito se tem falado ultimamente de Inteligência Artificial.

Todavia, o tema está longe de ser do conhecimento generalizado e não raramente assistimos a opiniões baseadas no desconhecimento e ceticismo associado ao tema. Frequentemente o tema aparece associado à robotização e à inerente perda de empregos e por isso falar de Inteligência Artificial (IA) parece trazer uma aura de futurismo exagerado em que as máquinas dominam o homem e podem constituir um perigo à sua existência.

De facto, a IA não é mais do que a capacidade que as máquinas têm de aprender e pensar. É um termo que tem mais de 70 anos e foi usado pela primeira vez por referência a aspetos relacionados com inteligência que, podendo ser detalhados no processo de aprendizagem, podem ser simulados por uma máquina. Por norma o termo usa-se para fazer referência a computadores que são programados para aprender e mimetizar ações habitualmente realizadas por humanos. E sendo capazes de realizar ações antes desenvolvidas por seres humanos, o seu valor para a ciência e para a humanidade, de uma forma geral, é incalculável.

A verdade é que a IA pode ser usada numa miríade de atividades e muitas vezes beneficiamos desta capacidade de aprendizagem das máquinas quase sem dar por ela. Por exemplo, quando a Netflix nos indica uma lista de conteúdos para assistir, fá-lo com base nas preferências que fomos revelando ao longo das interações que tivemos com aquela plataforma de streaming.

Mas o alcance desta ferramenta vai muito além das nossas preferências enquanto meros consumidores de conteúdos. E a sua relevância começa a tornar-se mais séria, e mais sujeita a escrutínio, portanto, quando entramos o domínio da educação, da saúde, ou mesmo dos direitos humanos. E já sabemos que o receio do desconhecido é normalmente o maior inimigo da aceitação de novas tecnologias.

É por isso que convém desmistificar o que é a IA para não ceder à tentação fácil de recusa e até da acusação imediatista de ver as máquinas inteligentes como uma ameaça. É um facto que o controlo da IA deverá continuar a ser uma preocupação. Mas será a alternativa o simples descarte do benefício que a automação de processos pode gerar?

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