João Fonseca: “Não concebo propor-me a nenhum desafio se não for para causar impacto.”

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João Fonseca é alumnus da Católica Porto Business School e é, atualmente, Senior Strategy & Corporate Development Manager na FIFA. Quando terminou a licenciatura, soube que “queria combinar a Gestão com a indústria do Futebol”. E assim foi. Até à entrada na FIFA, o seu percurso passou, também, pela Federação Portuguesa de Futebol. É, também, Presidente da UEFA Academy Association, cargo que assume com muito orgulho, sendo “um fervoroso adepto da educação e qualificação”. Vive em Zurique há cinco anos e gosta de bons desafios. Aliás, não aceita nenhum desafio “se não for para causar impacto”.

 

Qual é o lado mais desafiante da sua profissão?

Ser global. A FIFA como entidade máxima de governance do futebol mundial tem um sentido de responsabilidade e missão para com todos os stakeholders, desde a Austrália aos Estados Unidos, passando pelo Vietnam ou pelo Gana.

 

Em que momento é que a Gestão ligada ao mundo do Desporto passa a ser uma opção?

O Desporto foi sempre uma constante na minha vida. Não tendo a oportunidade para estar ligado ao futebol dentro de campo, a opção de acrescentar valor off the pitch surgiu naturalmente. Digo muitas vezes que, curiosamente, a minha área de atuação nesta indústria se tem vindo a transformar ao longo dos anos. Desde jogador de futebol nas camadas jovens, passando pela Direção Geral do Tirsense, onde a performance era avaliada todas as semanas, à FPF onde existem jogos de seleções de 2 em 2 meses, até à FIFA onde não temos uma equipa para apoiar (apenas a de arbitragem, que é extremamente relevante). O que aconteceu foi um shift natural entre a relva e o gabinete, focado a 100% no lado corporate e business da organização.

 

O que é que motivou a sua escolha pela Licenciatura em Gestão?

O ato de agir com o objetivo de atingir um resultado. Além disso, a gestão de pessoas e o trabalho de equipa em prol de decisões eficazes e eficientes é fundamental. Economia foi uma hipótese, mas Gestão por ser uma área mais abrangente, com ferramentas direcionadas para a liderança e para a resolução de problemas foi, sem dúvida, a melhor opção.

 

“A proximidade com o tecido empresarial que sempre me permitiu experienciar novas realidades.”

 

Porquê optar por estudar na Universidade Católica?

A Universidade Católica Portuguesa é, ano após ano, uma Universidade de referência cuja qualidade de ensino é reconhecida nacional e internacionalmente. O ranking, as acreditações internacionais, o corpo docente altamente qualificado e o excelente percurso profissional dos alunos que aqui passam comprovam isso. Frequentar a Católica foi uma excelente decisão que vai para além da vertente académica. Nos dias de hoje, a relação com a instituição, com os professores e com a rede alumni continua a ser muito próxima, o que atesta por si só a minha confiança na instituição.

 

O que é que distingue a Católica Porto Business School?

A Católica Porto Business School distingue-se pela formação baseada nos valores do humanismo e pela sua capacidade de inovação, promovendo a integridade e a excelência da investigação e ensino. Outro aspeto essencial é a proximidade com o tecido empresarial que sempre me permitiu experienciar novas realidades.

 

Quando terminou a sua licenciatura qual era o seu plano?

Combinar a área de gestão a uma indústria que move paixões – o Futebol -, incluindo a minha naturalmente. Uma indústria que só recentemente se começou a profissionalizar. E, obviamente, o meu objetivo passa também por contribuir para que esta se profissionalize o mais rapidamente possível.

 

“No ciclo 2015-2018, 81% dos gastos da FIFA foram investidos diretamente no futebol.”

 

Qual é o cargo que ocupa atualmente na FIFA?

Atualmente lidero uma Equipa de Estratégia Corporativa e Negócio da FIFA, como Senior Strategy & Corporate Development Manager. Tenho responsabilidade em decisões globais relativas aos direitos televisivos e em diversos projetos corporativos estratégicos, como por exemplo, o feasibility study do Biennial FIFA World Cup. A área de Business da FIFA é responsável por gerar cerca de 95% das receitas da organização, com responsabilidade na sustentabilidade de toda a indústria do futebol, que tem na FIFA a entidade máxima de governance.

 

Qual é a principal missão da FIFA?

Making Football Truly Global! É o nosso repto. Esta é a nossa grande missão, que passa por desenvolver o futebol em todo o mundo, investindo a receita gerada nos quatros cantos do mundo de forma a desenvolver a modalidade. Por exemplo, no ciclo 2015-2018, 81% dos gastos da FIFA foram investidos diretamente no futebol. Aliado a isso, existe cada vez mais uma missão de responsabilidade social, ao tornar efetivamente o futebol mundial, promovendo a igualdade de oportunidades.

 

“A busca pelo conhecimento contínuo é fundamental.”

 

Vive em Zurique desde 2018. Como é viver nesta cidade? 

É uma cidade extremamente internacional que combina a qualidade de vida e uma beleza natural fascinante. Além disso, é uma cidade com ritmos diferentes no Verão e no Inverno. Na verdade, são duas cidades bem diferentes numa só.

 

Em 2016 concluiu o ‘UEFA Certificate in Football Management’ da Universidade de Lausanne, em 2020 o ‘Business Analytics Programme’ em Harvard e, também, está integrado no Programa de Líderes da UEFA em Global Sports Governance (2022-2024). O que é que procura com estas várias formações?

Apostar na nossa formação é fundamental. Só assim podemos estar capacitados para os desafios complexos que nos são colocados diariamente pela indústria. Vivemos num mundo em constante evolução, desde avanços tecnológicos a mudanças sociais. Neste contexto, a busca pelo conhecimento contínuo é fundamental para o crescimento pessoal e profissional.

 

Antes de trabalhar na FIFA, trabalhou na Federação Portuguesa de Futebol. Como é que descreve o tempo que passou na FPF?

A FPF foi uma excelente experiência e uma excelente escola. Bebi conhecimentos de profissionais fantásticos e tive a honra de ser liderado por profissionais de topo. Ter feito parte do Gabinete Executivo da FPF durante vários anos permitiu-me entender o panorama global do futebol português. Tenho especial interesse pelo papel dos governing bodies, responsáveis pela governance e regulação. Gosto de ver e decidir sobre a big picture, criando as melhores condições de desenvolvimento para todos os stakeholders.

 

Mas começou por ser diretor desportivo do Tirsense. Que importância é que esta experiência teve na sua vida?

Quando se é convidado para liderar um grupo de 50 pessoas (entre jogadores, equipa técnica e staff) com apenas 23 anos a experiência só pode ser muito enriquecedora. Acresce o facto de ser o meu clube de sempre visto que, embora nascido no Porto, vivi muitos anos em Santo Tirso.

 

“O que me move é a constante procura para criar valor.”

 

Foi eleito Presidente da UEFA Academy Association, órgão europeu criado em 2021, para o mandato 2021/2023. Que importância tem para si?

Obviamente, é um motivo de grande orgulho quando um português consegue ser o primeiro Presidente, eleito por mais de 2000 executivos da UEFA Academy, ainda para mais ganhando duas eleições internacionais. Uma para o Board e outra para Presidente desse mesmo Board. Sou um fervoroso adepto da educação e qualificação dos stakeholders e, por isso, tem sido com um enorme sentido de responsabilidade que tenho que tenho também exercido essa função.

 

O que é que o move?

O que me move é a constante procura para criar valor e causar impacto positivo. Na vida pessoal e na profissional. Impacto positivo em quem nos rodeia, na família e amigos, e na indústria para onde, diariamente, direciono o meu foco. Sinceramente, não concebo propor-me a nenhum desafio se não for para causar impacto. E, profissionalmente, o meu desafio passa certamente por melhorar e acrescentar valor à indústria do futebol.

 

 

pt
21-09-2023