"Até que a morte as reúna"

Educação e Psicologia
"Até que a morte as reúna"
Quarta-feira, 20 de Setembro de 2023 in Público online

Artigo de opinião por Vânia Sousa Lima, Psicóloga e docente da Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa no Porto. 
As histórias que se contam de quem morre mudam a vida de quem vive.
“As histórias são organismos genuinamente simbióticos com os quais vivemos, que permitem aos seres humanos avançar.” (Neil Gaiman)
Estavam dispersas. Em risco de poroso olvido. Haviam nascido e vivido em relação. Contavam-se. Antes, isso era antes. Como a chuva do Camilo José Cela, não há muitas horas, mas há muitos anos. À custa de, apesar de em vida, não serem contadas, pouco pareciam contar. E ao não serem contadas parecia a relação, e os seus protagonistas, pouco haver contado. Rareavam-se as palavras que as faziam, que as criavam. Outrora propagadas, esquissos surdamente balbuciados pareciam agora ser. Emudecidas. Como que mortas.

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