Exposição de José Pedro Cortes: Cintura

Artes
Exposição de José Pedro Cortes: Cintura
Terça-feira, 23 de Novembro de 2021 in Contemporânea

Review da Revista Contemporânea sobre Exposição patente na Escola das Artes
“Algures no tempo, José Pedro Cortes fez uma escolha. A passagem de um meio ao outro, do analógico ao digital envolve sempre uma transformação (pela própria relação que se constrói entre o corpo do fotógrafo e a câmara, extensão do primeiro), que o artista acolheu, reinventando-se, necessariamente, também, com esta passagem, em que os limites ou constrangimentos (como Maria Filomena Molder sugere, embora referindo-se à técnica da fotografia em geral) do digital funcionam como expoentes das “possibilidades inventivas”. A fotografia é elevada a um limite que, muitas vezes, a coloca perto da pintura, no tratamento plástico das superfícies, da luz e da cor, por exemplo, ou, em fotografias suas mais recentes, criando imagens, já por si, mediadas (por outros dispositivos ópticos e meios de representação), sob uma nova composição, por vezes manipulada pelo artista, acrescentando essa possibilidade, que a fotografia também possui, de narração, ainda que, quase sempre, feita mistério ou enigma. O que é uma característica dos livros de Cortes, de algumas das suas exposições (em que as diferentes histórias surgem através da montagem e da sequência das imagens, que, em si mesmas, cristalizam esse movimento de metamorfose entre um excesso encantatório pelo tecido da realidade e o esforço de fixar essa experiência, que tantas vezes coloca o artista numa cisão dolorosa entre o mundo e a coisa fotografada — a fotografia é sempre um corte que nos revela esse abismo que é a visão do fotógrafo) e de algumas fotografias produzidas, recentemente (algumas das quais expostas em Corpo Capital), que apresentam uma compossibilidade (aludindo a Leibniz) de narrativas, surge, na exposição actual Cintura (na Escola das Artes da Universidade Católica do Porto, sob a curadoria de Sylvia Chivaratanond), especificamente, em Self-portrait (2020) e numa das obras especialmente criadas para esta exposição, VCI (2021).”

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