"A grande desigualdade e as raspadinhas da vida"

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"A grande desigualdade e as raspadinhas da vida"
Quarta-feira, 1 de Dezembro de 2021 in Líder Online

Arménio Rego, docente da Católica Porto Business School.
Os países com maiores disparidades de rendimentos tendem a apresentar pior desempenho num índice de indicadores sociais e de saúde da população. O índice incorpora variáveis como homicídios e crime violento, abuso de drogas, abandono escolar precoce, maternidade juvenil, esperança média de vida, mortalidade infantil, obesidade e doença mental. Por exemplo, a esperança média de vida é menor nos países mais desiguais. O crescimento das desigualdades também parece estar associado a maior polarização política. Keith Payne, professor de psicologia na Universidade da Carolina do Norte, e autor de um livro sobre como a desigualdade desestabiliza as sociedades, escreveu:
“A desigualdade afeta as nossas ações e os nossos sentimentos do mesmo modo sistemático e previsível, repetidamente. Torna-nos míopes e propensos para comportamentos arriscados, dispostos a sacrificar um futuro certo por uma gratificação imediata. Inclina-nos para tomar decisões autodestrutivas. Faz-nos acreditar em coisas esquisitas, apegando-nos supersticiosamente mais ao mundo que desejamos do que ao que temos perante nós. A desigualdade afasta-nos, entrincheirando-nos em campos diferentes, não apenas económicos, mas também ideológicos e raciais, erodindo a nossa confiança nos outros. Gera stresse e torna-nos menos saudáveis e felizes”.

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