"A mão visível: Cadeias de reação..."

Álvaro Nascimento, docente da Católica Porto Business School.
Os anos vinte deste século estão a ficar marcados pela resiliência, ou falta dela, das cadeias de abastecimento e integridade das propostas de valor. A globalização acelerada que marcou o último quartel do século XX trouxe níveis de prosperidade económica e bem-estar sempre precedentes. O acesso a novos mercados fez descer os preços no mundo desenvolvido para valores que aumentaram o poder de compra dos cidadãos, criando o sentimento de um rendimento disponível crescente, mesmo quando os progressos na remuneração nominal se revelaram bastante modestos.
Os ganhos ancoraram-se na reorganização geográfica das cadeias de abastecimento e na hiperespecialização. Para além das vantagens comparativas de David Ricardo, o mundo beneficiou especialmente das vantagens absolutas de Adam Smith, em que alguns blocos regionais se mostraram capazes de abastecer a procura mundial, sem que para isso necessitassem de sacrificar setores em que eram relativamente menos competitivos. Apenas foi preciso mobilizar e empregar um número crescente de recursos. Os efeitos estão bem à vista nas tensões sociais e políticas dos países desenvolvidos, mas são outra história que não cabe aqui discutir.

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