"A prevalência do desinvestimento negocial"

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"A prevalência do desinvestimento negocial"
Sexta-feira, 7 de Outubro de 2022 in Jornal Económico online

Artigo de opinião por Rui Lourenço Gil, docente da Católica Porto Business School. 
Em 7 meses de exposição ao karma da escalada bélica. 
Todos os dias os noticiários e debates servem-nos atualidade na mesma pauta, falam-nos de: estratégias, táticas e operações militares;  violações de direitos de soberania e humanitários; migrações maciças das populações; baixas bilaterais; atrocidades e crimes de guerra; reforço armamentista e de contingentes militares; solidariedade das nações; apoios em milhares de milhões de dólares e de euros; fluxos sempre em crescendo de sanções económicas e financeiras; e, na espuma dos dias, das reconquistas de território, da mobilização de reservistas e dos ardilosos referendos independentistas. Fóruns ‘bola de cristal’ alimentam o espetro da ameaça nuclear. Paira sobre os europeus a apreensão crescente de gélido inverno e da estagflação das economias, e as moedas enfraquecem e a inflação já a pagamos e ganha raiz.
Nos comentários ouvimos a miúde que as guerras são táticas que servem o exercício da diplomacia que trilhará a senda das negociações. Porém, sobre pensamento negocial muitíssimo pouco se concretizou e sete meses de desgraça são corridos. Prevalece e ganha corpo a escalada bélica que se perspetiva uma via de cauda longa de infortúnios planetários. Enfraquecer a Federação Russa é um trilho de desenlace incerto e pode dar lugar a males deriváveis da fragmentação e emergência de diversos, e quiçá mais maquiavélicos, ‘Putins’. Ao persistir em tentar ‘secar’ a capacidade da Federação Russa acicatamos e enclausuramo-nos em lógicas de domínio-submissão. Desta escalada bélica todos sairemos a perder, uns mais e mais imediatamente que outros, mas todos com auguro de horizontes sombrios.

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