André Peixoto: “O planeamento e controlo de gestão é o copiloto da gestão.”

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André Peixoto fez o MBA Executivo da Católica Porto Business School. Passou pela AXA, pela Corticeira Amorim e agora assume o cargo de Senior Director, Planning & Management Control na Bial. Para si, a grande missão do planeamento e controlo de gestão é “garantir que existe uma estratégia e que esta é executada.” O que é que o desafia nesta área? “A transversalidade e a ligação com áreas muito diferentes das organizações.” Nos tempos livres? Com três filhos pequenos o tempo está quase sempre ocupado!

 

Em 2017, ingressa no MBA Executivo da Católica Porto Business School. Porquê fazer um MBA?

Quando decidi fazer o MBA, o que pretendia era alargar os meus conhecimentos. Sentia-me especialista na área do planeamento e controlo de gestão e, por isso, tinha vontade de divergir. Quis alargar o meu âmbito de competências, atualizar-me e desafiar-me.
Escolhi fazer um MBA porque procurava o estudo de caso e um ensino muito aplicado à realidade das empresas. Era precisamente isso que me aliciava. Procurava um ensino mais orientado para o mundo real das empresas. Para além disso, também ansiava a experiência de partilha com uma turma com pessoas com backgrounds muito diferentes que pudessem acrescentar valor às aulas em si, através das suas experiências.

 

Porquê escolher a Católica?

Eu já tinha feito duas formações executivas ligadas à área do planeamento e controlo de gestão na Católica e já tinha tido uma muito boa experiência nestas formações executivas. Fiquei até com ligação a alguns professores que me marcaram bastante e que me convidam para ir a algumas aulas partilhar a minha experiência. Outro fator que me marcou foi o espírito de equipa que sempre foi possível criar nas formações que frequentei. A Católica tem um corpo docente de muita qualidade, quer do ponto de vista teórico, como, também, do conhecimento do tecido empresarial. Existe uma constante preocupação de adaptação à audiência, o que é uma grande mais-valia. Não podemos ficar apenas com exemplos que são muito distantes dos contextos onde estamos a trabalhar. Na Católica houve sempre essa preocupação de aproximação com o aluno e daquilo que lhe é verdadeiramente útil.

 

“A beleza da Gestão é a possibilidade que nos dá de trabalharmos em áreas tão diferentes.”

 

Recuando à sua juventude … Quando é que surge o interesse pela área da Economia e Gestão?

Surgiu bastante cedo, algures pela adolescência. Nessa altura, eu já tinha um interesse muito grande pelas áreas financeiras, mas ainda não sabia bem se devia optar pela Economia ou pela Gestão. Fascinava-me o mundo das empresas e interessava-me perceber o que é que conduz à criação de valor e, no fundo, o que é que faz com que umas empresas tenham sucesso e outras não. Para além disso, também tinha interesse em perceber o desenvolvimento da Economia no país e que medidas é que deviam ser tomadas para que o país pudesse crescer.

 

O que é que o fez optar pela Gestão e o que é que o fascina nesta área?

A vontade de trabalhar em empresas e de contribuir para o sucesso de uma empresa.
A beleza da Gestão é a possibilidade que nos dá de trabalharmos em áreas tão diferentes. A Gestão abre muito os horizontes. Eu sento-me à mesa com os meus colegas de curso e estamos todos a trabalhar em áreas muito diferentes. A Gestão não é um curso profissão e isso é uma grande mais-valia.

 

Começou o seu percurso profissional na área dos Seguros …

Comecei na AXA. Na altura, entrar para uma empresa de grande dimensão e presente num negócio de elevada complexidade era algo que eu valorizava muito. Comecei na área do planeamento estratégico que era uma das áreas que eu mais gostava.

 

Depois da AXA, vai para a Corticeira Amorim, onde esteve largos anos.

Estive na Corticeira Amorim durante 15 excelentes anos. Comecei como controller e depois passei a responsável do planeamento e controlo de gestão de uma das unidades de negócio (Amorim Cork Composites), depois passei a Global Process Owner e a liderar também projetos transversais de Business Intelligence. Seguiu-se o cargo de diretor financeiro, que também incluía o planeamento e controlo de gestão, de uma das unidades de negócio (Amorim Florestal). É um grupo que tem princípios e valores com os quais sempre me identifiquei, onde realço a ambição. São esses valores que passam para as pessoas que entram e que lá trabalham. Atitude e Iniciativa. Foi esta vontade de contribuir para a concretização dessa ambição que sempre me motivou. Se tivesse de descrever aquilo que sempre senti nos 15 anos que estive na Corticeira Amorim a melhor palavra que encontro é desafio. É claramente uma organização que nos desafia diariamente para sairmos da nossa zona de conforto.

 

“A estratégia só vai concretizar-se se garantirmos que as pessoas que trabalham na organização estão alinhadas com esta mesma estratégia.”

 

Tem dedicado a sua carreira à área do planeamento e controlo de gestão. Em que é que consiste?

Simplificando bastante, o planeamento e controlo de gestão é o copiloto da gestão. Tem a ambição de ter um conhecimento transversal sobre a organização. Eu tenho uma visão holística daquilo que é o planeamento e o controlo de gestão. No fundo, é um modelo que deve permitir formular a estratégia e depois garantir a sua execução. Ajudar a organização a formular a sua estratégia, a desenhar a sua estratégia, a transcrevê-la para iniciativas, objetivos e targets, garantir o alinhamento das pessoas com essa estratégia e desenhar um plano para a sua execução. O planeamento e controlo de gestão dinamiza todo este processo procurando promover as iniciativas e ações necessárias para a sua execução. A execução estratégica é a sua grande missão.

 

O que é que mais o desafia nesta área?

É precisamente a sua transversalidade e a ligação com áreas muito diferentes das organizações. Este ponto, para mim, é fundamental. Outro grande desafio é conseguir o alinhamento da organização. A estratégia só vai concretizar-se se garantirmos que as pessoas que trabalham na organização estão alinhadas com esta mesma estratégia. A questão da indução de comportamentos e a mobilização da equipa são dimensões importantíssimas nesta área.

 

Em 2023 aceita um novo desafio profissional e entra na Bial.  

Estou há três meses na Bial como Senior Director, Planning & Management Control. O que me estimula nesta nova oportunidade é a possibilidade de me desafiar num setor e numa organização diferente. Em particular, este setor, o farmacêutico, pelo seu propósito, pela importância e o impacto que tem na sociedade. Outro grande desafio que me motiva é o objetivo de contribuir para a evolução do seu modelo de planeamento e controlo de gestão. Encontrei uma empresa com pessoas extraordinárias.

 

Qual é o investimento da Bial em Investigação e Desenvolvimento?

A Bial investe em média 20% da sua faturação anual em I&D. Celebra este ano 100 anos, fortalecendo a sua expansão internacional, e é a única farmacêutica portuguesa com produtos de investigação própria no mercado internacional. É algo muito difícil de atingir e é algo que eu valorizei muito quando fiz esta transição. A atuação da Bial coloca-a normalmente nos tops nacionais de investimento em I&D em Portugal. Não é fácil encontrar uma organização que faça este tipo de esforço de investimento em I&D.

 

Considera que Portugal está aquém no que toca a investimento em I&D?

Acredito que em Portugal, principalmente tendo em conta os recursos humanos existentes - e que vemos todos os dias partirem para outros países -, era possível fazermos muito mais. Tendo em conta todo o nosso capital humano tínhamos potencial para muito mais. No médio e longo prazo, acredito que isso teria um impacto muito positivo na economia portuguesa.

 

De que forma é que as formações executivas que foi realizando e o MBA contribuíram para o seu percurso profissional?

Sempre senti muito retorno das formações que fui fazendo e de forma concreta do MBA. O MBA foi um período grande de aprendizagem teórica, mas também de grande desenvolvimento de outro tipo de competências que foram muito relevantes para níveis que vim a atingir. Contribuiu muito para o meu desenvolvimento profissional e pessoal.

 

Foi uma experiência exigente?

Sim, e eu estava num período especialmente exigente do meu trabalho porque tinha em mãos um projeto muito complexo, com temas difíceis. E, também, nasceu o meu segundo filho nessa altura precisamente. Portanto, digamos que fiz o MBA ao mesmo tempo que estava profissionalmente muito absorvido, num projeto que adorei e que correu muito bem, e que tive o meu segundo filho. Foi tudo ao mesmo tempo, mas tudo é conciliável e foi possível encontrar o tempo necessário com muito suporte familiar. Foi desafiante.

 

O que é que gosta de fazer nos seus tempos livres?

Eu tenho 3 filhos, portanto estou sempre bem ocupado. Oito, seis e um ano e meio são as suas idades. Se colarmos o meu percurso profissional numa lógica de timeline com o nascimento dos meus filhos isto tem sido sempre a subir (risos). Uma boa parte do meu tempo livre é passado com a família e amigos. Não fujo muito disso. Como um bom português, gosto de estar à mesa a conviver. Isso é uma das coisas de que mais gosto de fazer. Almoços, jantares e partilha são claramente os momentos que me deixam mais feliz.

 

O que é que o move?

Aquele chavão da criação de valor não é um chavão assim tão desprovido de razão. Porque a criação de valor, tanto do ponto de vista profissional como pessoal, é algo que para quem trabalha nesta área fica no nosso mindset. Se eu estou neste projeto o meu objetivo é acrescentar valor e é contribuir para que a empresa fique melhor. Aplico exatamente o mesmo na minha vida pessoal. Para além disto, duvido que haja algo que nos mova mais do que o simples desejo de querermos ser felizes junto daqueles que são mais importantes para nós.

 

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07-03-2024