José Gagliardini Graça: “Continuar na Católica permite-me ver a Universidade a crescer e a desenvolver-se.”

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Natural do Porto, José Gagliardini Graça é alumno da Faculdade de Direito e atualmente também docente convidado. É advogado, foi um dos fundadores da Tuna da Católica e é, atualmente, o presidente da Associação Alumni da faculdade, cujo objetivo se prende com “alimentarmos a nossa contínua formação e desenvolvermos o espírito e os valores da Católica”. Tempos livres? Atividade associativa, desporto e leitura. A família? “São o meu projeto de vida”.

 

É licenciado e mestre em Direito pela Universidade Católica. Porquê estudar Direito?

A minha família, quer de um lado, quer do outro, tem bastante tradição no Direito. Quer como magistrados, quer como advogados. Desde novo que oiço estes temas. Começaram por ser temas dos mais velhos, mas depois também eu me comecei a interessar, principalmente movido pela vontade de proteger quem mais precisa.

 

Entra para a Universidade Católica em 1989…

Sim, entrei para o Ano Zero, que, atualmente, já não existe. Foram anos muito intensos. Fui fundador da Tuna e foi muito marcante. Sou, também, do tempo em que começou a ELSA. Fui presidente deste grupo que trazia para quem nele participava a possibilidade de abertura ao mundo exterior. Não tínhamos Erasmus na altura. Lembro-me de ir a reuniões da ELSA na Holanda, em Amesterdão.

 

“Dar aulas é um privilégio.”

 

Ir a Amesterdão naquela altura não era como ir nos dias de hoje…

Pois não, porque, naquele tempo, era um mundo completamente diferente do mundo português. Foi uma experiência. Aliás, os meus anos de Universidade foram anos de grande transição e de grandes mudanças no país.

 

É docente convidado na Escola do Porto da Faculdade de Direito. Como é que surge esta oportunidade?

Comecei a exercer as funções de docente convidado na Católica em 2010. A Faculdade de Direito considera que a formação que oferece deve estar aberta à experiência prática dos advogados e, portanto, considera que os advogados devem estar dentro do curso. O objetivo é que possamos transmitir os nossos conhecimentos mais práticos em disciplinas opcionais.

 

Que significado é que tem dar aulas numa universidade onde também foi aluno?

Faz muito sentido! Desde logo, porque estamos na Universidade em permanente atualização. É engraçado, porque o tempo passa e os espaços permanecem. Há uns tempos estive na Católica para a inauguração de um novo auditório e, quando entrei no local, comentei com uma colega que aquele local era o mesmo onde há muitos anos tínhamos aulas e onde também ensaiávamos com a Tuna. Continuar na Católica permite-me ver a Universidade a crescer e a desenvolver-se. Dar aulas é um privilégio. As pessoas que estão connosco na sala nunca envelhecem (risos). Só nós, professores, é que ficamos mais velhos! Os alunos são sempre gente nova e desafiam-nos. Não nos deixam cristalizar.

 

A sua atividade profissional fica marcada pela sua atividade como advogado e também por alguma intervenção cívica.

Sou advogado e também formador na Ordem dos Advogados. É curioso, porque muitas vezes reencontro estudantes que vêm da Católica e até alguns que foram meus alunos. É interessante ir acompanhando o seu percurso. Para além disto, fui sendo autarca e tenho ocupado diferentes funções. No final do curso, em 1997, fui desafiado aqui na Junta de Freguesia da Foz do Douro para concorrer e ganhamos, fui eleito Presidente da Assembleia de Freguesia. Hoje em dia, curiosamente, voltei a ser autarca dessa freguesia, em união de freguesias. Tenho também experiência na Assembleia Municipal e também na Câmara, como adjunto. Sinto-me comprometido com a minha cidade.

 

Nasce no Porto, mas é em Ponte de Lima que passa parte da sua infância …

Nasci em 1972 no Porto, mas era eu pequenino, talvez uns dois anos, quando fomos para Ponte de Lima. O meu pai foi para lá trabalhar. Naquela altura, sair para o interior era uma jogada muito arriscada. Fomos viver para uma quinta, mas que não tinha luz elétrica e a água era servida por gravidade. Tudo isto significou uma aventura incrível. Tenho memórias muito boas, de uma grande liberdade para brincar. No fundo, era uma vida um bocado rural, com tudo o que isso implica e com tudo o que tem de bom. Foi um privilégio ver como tudo acontece na natureza.

 

“A Associação quer ser um espaço de encontro entre todos os que partilham o mesmo passado de Direito na Católica.”

 

Que importância é que a intervenção cívica tem na sua vida?

A vontade associativa fica em nós para sempre. Ficou-me na pele, desde os tempos da Universidade. Hoje em dia, esta dimensão está um bocadinho fora de moda, infelizmente. Porque ser associativo e trabalhar por carolice implica algum altruísmo e uma vontade grande de viver em comunidade. As pessoas que andam nestas atividades é porque, realmente, têm também esse espírito mais inquieto, mais aventureiro e mais dado aos outros. Acho que estes também são os valores da Católica! Foi isto que aprendi na Universidade. Na Católica, não entramos para estudar, para tirar um curso e para sair com um diploma. Na Católica, procuramos ser mais do que isso.

 

No meio de uma vida profissional bastante diversificada, o que é mais desafiante?

Essa diversidade é o próprio desafio. Na minha vida profissional, tenho procurado fazer coisas diferentes. Sou um bocado desprendido, na medida em que acredito que devemos cumprir os nossos mandatos e os nossos tempos. Depois temos de dar lugar aos outros. Recentemente fui nomeado Presidente da Associação Alumni da Escola do Porto da Faculdade de Direito. Estou comprometido com esta minha nova função, mas vai haver depois um tempo onde terei de dar lugar a outro. As gerações sucedem-se…

 

“O dia em que nos licenciamos é sempre marcante de alguma forma.”

 

Qual é o objetivo da Associação Alumni da Escola do Porto da Faculdade de Direito?

Um dos nossos grandes objetivos é alimentarmos a nossa contínua formação e desenvolvermos o espírito e os valores da Católica. A Associação quer ser um espaço de encontro entre todos os que partilham o mesmo passado de Direito na Católica. Trocamos experiências, desenvolvemos o nosso trabalho em networking, mantemos vivos os valores que a Católica nos transmitiu. Para além disso, misturamos gerações!

 

Um momento marcante dos seus anos como aluno da Católica?

O dia em que nos licenciamos é sempre marcante de alguma forma. No meu caso, lembro-me bem do dia da minha última prova oral. Mas um momento mesmo muito marcante foi quando fomos em digressão para Estrasburgo com a Tuna. Na altura, não se viajava com facilidade. Tínhamos pouca capacidade de movimentação dentro da Europa. Foi uma aventura! Tivemos imensas peripécias e criou-se um espírito de grupo muito forte.

 

O que gosta de fazer nos tempos livres?

O desporto é importante. Sempre foi. Aos 18 anos fiz o curso para ser árbitro de futebol e durante a licenciatura arbitrava jogos. Hoje em dia, vou procurando adaptar o desporto na minha vida de acordo com a idade. Há uns anos decidi deixar os desportos mais de contacto e dediquei-me ao surf. Vivemos mesmo aqui ao lado do mar e, às vezes, tenho a sensação de que não aproveitamos bem o seu potencial. Para além do desporto, a parte associativa ocupa algum tempo dos meus tempos livres e, também, gosto de me dedicar à leitura. Tenho, graças a Deus, uma família grande. Sou casado há 24 anos e tenho quatro filhos. É uma casa cheia e um barco grande para gerir. É, com alegria e amor, um projeto de vida.  De todos!

 

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17-10-2024