Luís Marques: “Queremos ser um MBA com cada vez mais reputação naquilo que é o conceito da sustentabilidade e do impacto social.”

Pessoas em Destaque

Luís Marques é diretor do MBA Executivo da Católica Porto Business School e administrador da Rangel. Natural de Coimbra, viveu toda a sua infância em Soure. É licenciado em Contabilidade e Auditoria, mestre e doutorado em Gestão. No ano em que se celebram os 20 anos do MBA da Católica, confessa que “a grande ambição é continuarmos a ajudar as pessoas a terem um elevado impacto na nossa sociedade.” Nos tempos livres? BTT e ler.

 

Este ano, celebram-se os 20 anos do MBA Executivo da Católica Porto Business School. Enquanto diretor do programa, o que é que ambiciona para os próximos anos?

A grande ambição é continuarmos a ajudar as pessoas a terem um elevado impacto na nossa sociedade. Queremos ser um MBA com cada vez mais reputação naquilo que é o conceito da sustentabilidade e do impacto social.

 

O que é que distingue o MBA Executivo da Católica Porto Business School?

O que destaco do nosso MBA não é oque penso, mas, sim, o que os alunos nos dizem. O que nos distingue é a relação muito próxima com os alunos. Isto faz parte da nossa genética enquanto Universidade Católica. A reputação do nosso MBA prende-se com a ligação e a proximidade que proporcionamos e com a forma como nós acolhemos. A qualidade do nosso campus, o nosso corpo docente e as inúmeras experiências profissionais que cada um traz para as suas aulas, as relações duradouras e muito intensas que os alunos criam, quer entre eles, quer com os professores. Outra grande marca do nosso MBA é a agilidade na adaptação. Nós adaptamo-nos muito rapidamente àquilo que são as novas tendências e as novas competências das matérias. Na Católica primamos pela qualidade. Um nosso aluno dizia-nos que sabia que se precisasse de alguma coisa que a Católica estaria sempre de portas abertas. Isto mostra uma grande confiança em nós, no nosso acompanhamento e na nossa dedicação com cada estudante.

 

É licenciado em Contabilidade e Auditoria. Como é que surge o seu interesse por esta área?

A partir dos 14 anos, comecei a trabalhar nas férias escolares. Isto marcou-me muito. Ajudava muito o meu pai nas suas tarefas. Nesse tempo, o meu pai dedicava-se às contabilidades, só mais tarde é que optou por ser empresário. Quando eu estava de férias, ia com o meu pai para os clientes dele. Foi aí que comecei a gostar muito de contabilidade e tesouraria. Isto influenciou-me muito e, a partir de um determinado momento, o meu objetivo de vida era ser revisor oficial de contas. Mais tarde, ingresso no curso de Contabilidade e Auditoria na Universidade de Aveiro. Ainda quando estudava, fui contratado para uma sociedade de revisores oficiais de contas. Depois, entrei para aquela que se chama hoje PWC. Foi aí que me mudei para o Porto.

 

Viveu em Soure durante a sua juventude. Que memórias guarda desses tempos?

Sou natural de Coimbra, mas vivi a minha juventude e adolescência em Soure. Da minha infância só tenho memórias boas, memórias muito saudáveis do ambiente rural. Soure, apesar de ser uma vila e sede de Concelho, é muito próxima de aldeias. Os meus avós viviam todos em aldeias que ficavam a três ou quatro quilómetros da vila, o que me permitia estar muito tempo com eles. Lembro-me das conversas com os meus avós e com os meus pais e dos conselhos que me deram. Cresci num ambiente muito saudável. Íamos para a escola a pé, todos se conheciam, dizíamos bom dia, boa tarde e boa noite. Lembro-me que era fácil conciliar os estudos com outras atividades. Joguei futebol, pratiquei Karaté e fui locutor numa rádio. Foi uma infância plena e muito animada, mas cheia de ensinamentos. No meu décimo ano, na Escola Secundária, formou-se um grupo de pessoas que se queria candidatar à Associação de Estudantes. Era um grupo de pessoas sem filiação partidária e que iria competir com duas listas apoiadas por partidos políticos. Lembro-me de um dia em que sou convidado para participar numa reunião deste grupo que se estava a formar e de se estar a discutir quem deveria ser a pessoa que iria presidir à direção desta lista. Com muita surpresa minha, alguém algures na sala diz que essa pessoa devia ser o Luís. Eu! Eu fiquei muito surpreendido porque naquele momento disseram que era eu e nem me perguntaram se eu queria. Basicamente, informaram-me que eu ia ser o candidato. Eu senti uma responsabilidade que até ao momento nunca tinha sentido. Foi muito marcante. Foi uma responsabilidade para cuidar dos outros.

 

Ganharam?

Ganhamos! Na altura não percebia como é que tínhamos ganho, mas depois percebi que, apesar de as máquinas partidárias terem apoiado as listas concorrentes e apesar de a minha lista não ter orçamento, nós tínhamos pessoas de grande valor que eram grandes influenciadores nas suas aldeias. Depois de ter ganho, tive uma grande lição sobre sociedade.

 

Começou a sua carreira na área da contabilidade e auditoria. Cumpriu o seu objetivo de ser revisor oficial de contas. Mas eis que a gestão lhe aparece pelo caminho …

Estava eu a trabalhar na atual PwC, quando um antigo professor de Aveiro me telefona a convidar para ser diretor financeiro do Porto de Aveiro. Foi um convite inesperado. Não foi uma decisão fácil, porque implicava mudar a direção da minha carreira. Implicava sair da área da auditoria para ir trabalhar para a área da gestão. Houve vários fatores que depois acabaram por orientar a minha decisão, mas acabei por aceitar. De facto, se eu me tivesse mantido como auditor também teria sido muito feliz, mas a verdade é que estou muito mais realizado nesta área.

 

Atualmente, é administrador da Rangel. O que é que mais o desafia nesta área?

O que me desafia mais é trabalhar num grupo português, um grupo familiar que tem a ambição de ser um grupo global. No setor da logística e dos transportes, concorremos com grandes empresas mundiais, como por exemplo a DHL, e isso dá-me uma grande satisfação. Somos um grupo que se bate com os grandes competidores internacionais. A internacionalização é outro fator que nos desafia muito e, atualmente, estamos em 9 países. A nossa cultura e rotina de trabalho é de porta aberta. O meu gabinete e de qualquer outra pessoa está sempre de porta aberta para o que for preciso. Somos próximos. Somos muito ágeis, há toda uma dinâmica de agilidade e de foco no cliente, que me atrai muito e que me desafia diariamente.

 

Quando é que vem para a Universidade Católica?

A Católica fez-me uma oferta para vir dar aulas e eu aceitei no mesmo dia (risos). Estávamos em 2011. Vim logo para o MBA e para a formação executiva, concretamente para a área do controlo de gestão e de estratégia.

 

A vida académica também é uma dimensão importante na sua vida?

É essencial para mim, porque me realiza imenso. Aliás, é esta relação que existe entre a minha atividade no setor empresarial e a parte académica que me desafia muito. Nunca ambicionei ser académico a tempo inteiro. Gosto de fazer parte deste ecossistema onde posso ser prático nas empresas e ao mesmo tempo estar nas aulas e partilhar as minhas experiências com os estudantes. Eu levo para a universidade muito daquilo que aprendo nas empresas e trago para as empresas muito daquilo que aprendo na universidade. Esta forma de ver a minha profissão e a minha vida no geral parte dos ensinamentos que tive em criança. Tenho uma visão de plenitude e uma visão holística da vida. Acredito que as coisas não existem separadas. Tudo está interligado. Tudo está em harmonia.

 

O que é que traz harmonia ao seu dia-a-dia?

Faço exercício físico todos os dias às 6 da manhã. Atualmente corro e vou com a companhia das minhas duas cadelas. Tenho a felicidade de viver muito perto do mar. Em família, todos os dias tomo o pequeno-almoço com a minha mulher e com o meu filho. Confesso que esta minha rotina matinal me ajuda muito a encarar o meu dia de trabalho com mais alegria. Quando eu saio de casa para o trabalho, já saio com um grande sorriso. Quando chego à Rangel, tenho sempre grandes desafios à minha espera. Aqui trabalha-se sempre com uma grande motivação. A Católica também faz parte do meu equilíbrio, quer seja a dar uma aula, quer seja a responder a algum estudante ou em atividades da direção do MBA.

 

O que gosta mais de fazer nos tempos livres?

Pratico bicicleta de montanha, BTT. Gosto muito de ler, especialmente biografias, tenho lido muitas nos últimos anos.

 

Um bom sítio para fazer BTT em Portugal?

O Gerês é fantástico.

 

 

pt
20-06-2024