Álvaro Nascimento: "Fora de Jogo"

Business School
Álvaro Nascimento: "Fora de Jogo"
Quarta-feira, 21 de Abril de 2021 in Negócios Online

Este artigo esteve para ter como título "Competição fora das quatro linhas", para fazer justiça a um estudo com já alguns anos patrocinado pela Liga Portuguesa de Futebol, sobre a sustentabilidade do desporto-rei.

Alguns leitores dirão que os temas da bola não nos deveriam entreter nesta coluna de opinião, resistindo às vaidades reservadas a clubites e outras manifestações de afeto.

O futebol profissional há muito que deixou de ser um tema economicamente irrelevante. Tem implicações muito mais profundas que as simples reações de adeptos a rasgar as vestes por violação de verdade desportiva. O episódio recente só revela o mau desenho institucional das competições e o seu aproveitamento para fins e negócios milionários. Num momento em que tanto se fala de desigualdades, a profunda assimetria na distribuição de poder e de receitas pelos clubes é um assunto que nos deveria pôr a pensar.

Os negócios do futebol apresentam o que os economistas chamam de externalidades de rede, à semelhança de outras indústrias, como as telecomunicações, para dar apenas um exemplo. Que me recorde, apesar de suscetíveis de originar rendas económicas, nada tem impedido nestas a criação de um quadro concorrencial.

Há instrumentos para o efeito, mais ou menos perfeitos. A única coisa exigida ao Estado é uma regulação forte, anulando desequilíbrios e socializando benefícios - ou seja, impedindo a privatização das rendas.No negócio do futebol profissional, apesar de nos ser apresentado o contrário, as rendas existem e estão apropriadas sendo distribuídas de forma incoerente e desequilibrada.

pt