Fundações são poucas mas estimulam economia social

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Fundações são poucas mas estimulam economia social
Quarta-feira, 21 de Julho de 2021 in Jornal de Notícias Online

Um estudo elaborado pela Católica Porto Business School revela que a economia social portuguesa é composta por mais de 600 fundações, que empregam 14 mil pessoas. Segundo os números do INE, relativos a 2016, estas representam só 0,9% do número de entidades da economia social, mas criam 6% do emprego e geram 6,9% do Valor Acrescentado Bruto do ramo.

A maioria das fundações (30%) presta serviços sociais, embora um número significativo opere nas áreas da Cultura/Comunicação (21%) e da Saúde (17%) e Educação (9%). A falta de transparência é o principal desafio, revela o estudo, apresentado esta quarta-feira. A investigação, denominada "O Impacto Social das Fundações", foi promovida pelo Centro Português de Fundações. Analisou projetos de 12 entidades, entre elas as fundações de Serralves e Gulbenkian.

Embora operando em áreas tão diferentes como a Educação, a Tecnologia ou a literacia financeira, todas visam promover o desenvolvimento social. A coordenadora da investigação, Raquel Campos Franco, sustenta que a grande vantagem das fundações é abraçarem "causas que nem privados nem governos abraçam".

Fazem a diferença quando estes "não querem ou não têm capacidade" para cumprir "missões" sociais, refere. "Causas que interessam" Ao JN, a professora da Católica Porto Business School explica que o vasto património das fundações lhes dá a "independência" e a "visão de longo prazo" de que o Estado e as empresas nem sempre têm.

É isso que lhes permite abordar temas "complexos" - sobretudo a nível local - e atingir um impacto socioeconómico "importante", refere. Segundo o estudo, em 2016, a economia social era formada por 619 fundações, que empregavam 14.113 trabalhadores e gastavam 304 milhões em salários. Essa quantia corresponde a 7% das remunerações do setor.

Raquel Campos Franco nota que a Gulbenkian é "uma das maiores fundações europeias" e que o país dispõe de várias outras de média dimensão. Isto, aliado ao facto de as fundações lidarem com "causas que interessam a muitos", torna-as "empregadores interessantes" e atrativos, vinca. Assim, as fundações portuguesas geram, também, "grande valor acrescentado", refere a académica.

Os 6,9% do Valor Acrescentado Bruto de 2016 correspondem a 332 milhões de euros. Portugueses desconfiam O estudo aponta a falta de transparência como o maior obstáculo. Citando um inquérito de janeiro do Social Data Lab, realça que "os portugueses não acham as fundações transparentes" e que consideram que a criação destas entidades se destina a "pagar menos impostos".

Os dados sobre fundações são atualmente disponibilizados pelo Instituto de Registos e Notariado, INE e Governo. No entanto, Raquel Campos Franco alerta que estão incompletos e "não batem certo". Só se for criada uma base de dados pública e exaustiva é que a população poderá "separar o trigo do joio" e "valorizar" as fundações que fazem de facto a diferença, argumenta.

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