Docentes da Católica Porto Business School publicam artigo sobre a experiência do confinamento dos seus alunos

De um momento para o outro, tudo mudou: no ano de 2020, o mundo ficou em suspenso e refém de um vírus que afetou o nosso quotidiano e cujas consequências, a longo prazo, ainda são desconhecidas. Através de um artigo de três docentes da Católica Porto Business School - Cláudia Carvalho Amador, Sandra Lima Coelho, Maria Isabel G. G. Castro Guimarães -, deu-se visibilidade às vivências juvenis do primeiro período de confinamento e chamou-se a atenção para o impacto do mundo digital. 

Assim, as autoras recolheram dados junto de  um conjunto de 43 jovens estudantes do primeiro ano das licenciaturas de Economia e Gestão , com idades compreendidas entre os 17 e os 19 anos que transitaram, de forma inesperada e sem qualquer tipo de preparação, para um regime de ensino à distância, que culminou numa experiência de confinamento nunca antes vivida. Se, por um lado, os dados recolhidos permitiram compreender o papel desempenhado pelas redes sociais durante o período de isolamento, por outro lado, permitiram esclarecer aquela que foi uma experiência única, no âmbito mundial, de implementação do ensino à distância. 

Os relatos dos jovens só provam que o mundo digital permitiu, de facto, superar o afastamento geográfico, contribuindo para a diminuição da solidão e da depressão, uma vez que foi através de ecrãs que muitos destes jovens conseguiram contrariar sentimentos de solidão, alimentando-se de momentos de socialização online com familiares e amigos e encarando as redes sociais como principais aliadas contra o isolamento e o afastamento físico. 

Por sua vez, os jovens estudantes que integraram esta amostra associaram uma panóplia de dificuldades ao ensino à distância durante esse primeiro confinamento – quando eram, ainda, estudantes do ensino secundário -  que vão muito para além do fator económico. Realçaram as dificuldades de ajustamento dos professores daquele nível e ensino ao ambiente online, um ambiente em que os próprios estudantes se sentiram mais suscetíveis a mecanismos de distração e no qual admitiram ser mais difícil manter a concentração,  concluindo-se que esta amostra de  estudantes, na sua grande maioria,  prefere o sistema de ensino presencial. 

“Sentia, e ainda sinto, que este tipo de ensino [online] não é tão rentável como o ensino presencial. Penso que há uma tendência muito maior para nos distrairmos, visto que estamos sempre na nossa zona de conforto (a nossa casa). É como se nunca saíssemos realmente do nosso estado de repouso e, mesmo quando estamos a ouvir uma aula, a nossa atenção acaba por não ser a maior.” 

Desta forma, os resultados demonstram  que estes jovens, extremamente familiarizados com o mundo digital, encararam as redes sociais e a escola à distância como uma oportunidade de manter as suas práticas de sociabilidade e concluir o ano letivo, mas de uma forma que os obrigou a efetuar ajustes e reestruturações. Conclui-se, portanto, que apesar de todo o mal-estar e incerteza associados àquela nova realidade, foi o mundo digital que permitiu manter uma certa “normalidade”, possibilitando a estes jovens estudantes cumprir os seus objetivos e ingressar no ensino superior. 

Ler artigo na íntegra aqui.

 

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20-06-2022