Quintas com Saúde | Vacinação contra o sarampo. Controlo ou eliminação?

13.12.2018 17:30
Escola de Enfermagem (Porto) | Campus Foz

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Sala EC019

Inserida no Ciclo de Conferências 2018/2019 - Quintas com Saúde, promovido pelo Instituto de Ciências da Saúde (Porto) da UCP, decorrerá no próximo dia 13 de dezembro, às 17h30, no campus Foz da UCP a conferência "Vacinação contra o sarampo. Controlo ou eliminação?" com Guilherme Gonçalves - ICBAS, UP.

Coordenação: Prof. Doutor João Costa Amado

 

Guilherme Gonçalves
Professor Associado com Agregação, Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB),
Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Universidade do Porto,
 
Os Gaiteiros de Lisboa cantam uma “modinha” com o nome de “Quando Judas teve sarampo”, baseada em versos populares portugueses que ilustram a sabedoria (e ignorância) sobre as doenças infeciosas em geral e o sarampo em particular. O seu nome inspirou uma carta ao editor que publiquei este ano na Acta Médica Portuguesa e inspira também esta comunicação oral.
 
Quando uma vacina faz parte de um programa de vacinação, “o aparecimento de uma epidemia levanta questões como as de saber se a cobertura vacinal é adequada e a vacinação eficaz”.1 Por outras palavras, ou falha a vacina, ou a sua cobertura, ou ambas (o que é mais raro). A Epidemiologia é uma ciência que pode responder a estas perguntas, produzindo evidência científica que suporta decisões de saúde pública. Também se faz má Epidemiologia, por amadores ignorantes como os da canção, o que é perigoso para a Saúde Pública.
 
Com o passar do tempo, a cobertura vacinal contra o sarampo em Portugal foi melhorando, e o nosso país atingiu o estatuto de eliminação do sarampo entre 2012 e 2014.2
 
Entretanto, havia alguns indícios de que nem tudo corria pelo melhor. Estudos científicos mostravam que a antecipação da primeira dose de VASPR para os 12 meses era uma opção discutível.3 Além disso a velocidade de declínio de anticorpos protetores contra o sarampo, após vacinação, era preocupantemente elevada; levantava-se mesmo a questão de alterar esquemas vacinais com a introdução de mais doses.4 Os dados do último inquérito serológico nacional foram divulgados pelo Ministério da Saúde, demasiado tarde e mal (na minha opinião) e são preocupantes. Mais preocupante ainda é a notícia do Público do dia 5 de dezembro de 2018, na qual a responsável pelo PNV da DGS revela que havia “bolsas de não-vacinação” “com taxas mais altas de não vacinados onde o risco aumenta” mas “preferiu então não especificar dados para não lançar o pânico”!? Não há pânico quando se está a tempo de tomar medidas preventivas eficazes, com a colaboração de todos. O vírus do sarampo,  pode mesmo ficar fora do controlo.
 
REFERÊNCIAS
1. Gonçalves G. Eficácia vacinal durante a epidemia de sarampo de 1988 e 1989, no Porto e arredores. Arquivos de Medicina 1996; 10: 22-27.
2. Meeting of the European Regional Verification Commission for Measles and Rubella Elimination (RVC). 26–29 October 2015, Copenhagen, Denmark. WHO. Regional Office for Europe, 2015. [consultado em abril  de 2018] Disponível em:
3. Gonçalves G, Nunes C, Mesquita JR, Nascimento MSJ, Frade J. Measles antibodies in cord blood in Portugal: Possible consequences for the recommended age of vaccination. Vaccine 2016; 34: 2750-2757.
4. Gonçalves G, Frade J, Nunes C, Mesquita JR, Nascimento MS. Persistence of measles antibodies, following changes in the recommended age for the second dose of MMR-vaccine in Portugal. Vaccine 2015; 33(39): 5057-5063.