Inês Nogueira: “Olho para o Futuro com confiança.”

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Nasceu no Porto e é licenciada em Ciências da Nutrição pela Escola Superior de Biotecnologia da Católica no Porto. É criativa e gosta de pôr a mão na massa, especialmente se for num laboratório. Atualmente, é estudante do Mestrado em Biotecnologia e Inovação da ESB e trabalha numa empresa da Indústria Alimentar, onde exerce funções nas áreas da Inovação e Desenvolvimento, Segurança Alimentar e Nutrição. Assume que foi através do voluntariado que realizou com a CAtólica SOlidária que aprendeu a importância de “escutar” e de “honrar os compromissos”. Com 23 anos e com dois prémios num concurso de inovação alimentar, assume que olha para “o futuro com confiança”.

 

Quais são os lugares do campus da Católica no Porto onde se sente, especialmente, em casa?

Na salinha da CASO - CAtólica SOlidária e no KitchenLab, onde se pode experimentar e criar produtos novos. É nestes locais que surgem as minhas melhores memórias.

 

Quando é que surge a área das Ciências da Nutrição?
 
Eu sabia que o meu futuro profissional seria na área das ciências. Há uma altura em que me começo a interessar pela área da saúde e há um dia em que uma amiga me diz que eu dava uma boa nutricionista e eu respondo “nunca tinha pensado nisso”. Depois deste dia, a Nutrição passou a ser o meu objetivo! Ingressei na Católica porque percebi que a formação que ofereciam era muito abrangente. A licenciatura da Escola Superior de Biotecnologia proporciona um plano de estudos que dá resposta a diferentes abordagens na área da Nutrição. Porque a Nutrição não se resume apenas à parte clínica, mas também à segurança alimentar, à investigação, à inovação. No meu caso em particular, era a área da segurança alimentar e da inovação de alimentos que mais me interessava.

 

O que é que a marcou mais ao longo da licenciatura em Ciências da Nutrição?

Sem dúvida que o plano de estudos variado e muito completo foi uma mais-valia. Deu-me bases muito boas. A par disso, destaco também a grande parte prática. É essencial termos boas bases teóricas, mas a parte prática permite-nos ir ao encontro das evidências. A faculdade tem uns laboratórios excecionais com tudo ao nosso dispor. Era tudo convidativo! Para além disto, senti sempre uma proximidade muito grande. A Católica no Porto é muito grande, mas realmente isso não se sente. E não se sente porque há uma proximidade muito grande entre todos. Não se sente uma separação entre os professores e os alunos, porque estão sempre disponíveis para conversar e para ajudar. Eu posso estar a estudar na biblioteca e de repente surge-me uma dúvida e posso dirigir-me ao gabinete desse professor para me esclarecer a questão.

 

Durante toda a sua licenciatura participou em atividades regulares de voluntariado com a CAtólica SOlidária (CASO). Como é que surgiu essa oportunidade?

Descobri a CASO logo na primeira semana de aulas do meu primeiro ano de licenciatura. Sempre fiz voluntariado através dos escuteiros e pensei que talvez fizesse sentido também fazer voluntariado através da faculdade. Porque não? Quando nos pediram que escrevêssemos num papel em que área é que gostaríamos de trabalhar como voluntários escrevi que tanto fazia. Acabei por ser alocada à área dos idosos que era onde havia mais vagas por preencher. Nunca tinha feito voluntariado com idosos e confesso que no primeiro dia de voluntariado no centro de dia estava nervosa… 
Estava nervosa porque fazer voluntariado com idosos não é como fazer com crianças em que elas vêm ter connosco. Neste caso quem tinha de ir ter com eles era eu. Estava nervosa com o tipo de realidade que ia encontrar e precisei de ganhar alguma confiança.

 

Que retorno é que se traz do voluntariado?

Recebe-se muita coisa, mas principalmente amizade. Fiz muitos amigos, tenho muitos amigos de noventa anos. O que é que a idade importa? Recebi muito amor, muito carinho e senti que estava realmente a contribuir para a felicidade de alguém.

 

“Honrar o meu compromisso sempre foi muito importante e é uma das aprendizagens que eu levo para a vida.”

 

De que forma é que o fazer voluntariado a ajudou no seu crescimento pessoal e profissional?

A palavra de ordem no voluntariado é o compromisso. Nós temos que nos comprometer com aquelas pessoas, quer sejam idosos, crianças, pessoas com deficiência, prisioneiros, não interessa. Honrar o meu compromisso sempre foi muito importante e é uma das aprendizagens que eu levo para a vida. Aprendi a nunca deixar ninguém na mão, porque se eu me comprometo tenho que cumprir. Outra coisa que aprendi foi a saber ouvir. Ao trabalhar com idosos acabei por ouvir muitas histórias. Aprendi a escutar os outros.

 

Ao longo do seu percurso académico também se envolveu em concursos ligados à área da Inovação Alimentar…

Sim, a oportunidade de participar no Innovation Track surgiu precisamente na altura em que eu me questionei sobre se a Inovação era um bom percurso para mim. Acabei por participar com uma equipa em duas edições do concurso e em ambas ganhamos o Prémio. Na primeira edição, concorremos com um snack salgado feito com farinha de tremoço. Ficou super bom! Já na segunda edição ganhamos com um produto de uma gama mais gourmet que consistia numa espécie de “pringle” feita com farinha de bolota e aromatizada com algumas ervas. Ambos os produtos foram snacks salgados, mas direcionados para nichos diferentes.

 

O Mestrado em Biotecnologia e Inovação que frequenta atualmente vem também dar resposta a este seu interesse pela Inovação?

Depois de terminar a licenciatura, eu sabia que queria fazer o mestrado. Andei a explorar as várias ofertas de mestrado e todas as que encontrei eram demasiado direcionadas para a área da restauração, da saúde pública ou mesmo da nutrição clínica e eu sabia que não era por aí que eu queria ir. Só a Católica é que oferecia formação ao nível do mestrado nas áreas da Inovação e, por isso, acabei por permanecer nesta minha casa. Na altura estava indecisa entre Segurança Alimentar ou Inovação e uma docente acabou por me dizer para eu decidir com o coração. Assim foi: estou no segundo ano do Mestrado em Biotecnologia e Inovação na Escola Superior de Biotecnologia.

 

“Tenho muita sorte porque realmente sinto que estou a trabalhar no meu emprego de sonho.”

 

A par do Mestrado também já está a trabalhar numa indústria alimentar. Como é que é o seu dia-a-dia?

Estou a trabalhar numa conserveira gourmet, em contexto de laboratório. Faço as tarefas do departamento de segurança alimentar e realizo todos os testes de laboratório. Em paralelo, também, estou responsável pelo Departamento de Inovação e Desenvolvimento. Sempre que alguém tem alguma ideia para um produto é minha responsabilidade torná-la realidade para ver se funciona. Para além disto, sou também responsável pela parte da nutrição, elaboro as tabelas e alegações nutricionais. Tenho muita sorte porque realmente sinto que estou a trabalhar no meu emprego de sonho.

 

Que conselho daria a um estudante que está prestes a decidir o seu caminho universitário?

É verdadeiramente importante que as pessoas decidam em consciência e só o poderão fazer se experimentarem. Existem muitas atividades que ajudam neste processo de decisão. Por exemplo, a Escola Superior de Biotecnologia tem a Semana Aberta e a Teen Academy. Às vezes precisamos de ser desafiados para encontrarmos caminhos e respostas. No meu caso tive uma amiga que me pôs a pensar na possibilidade da Nutrição. É importante também ouvirmos as experiências de antigos alunos, é importante explorarmos percursos e saídas profissionais.

 

“Quem dá tudo de si acaba por encontrar um local para trabalhar que o vá valorizar.”

 

Como é que olha para o Futuro?

Eu olho com confiança. É importante sermos capazes de nos ouvir e de termos confiança própria para não nos deixarmos contagiar por algum negativismo exagerado. Olhar para o Futuro com confiança implica termos personalidade própria, implica termos opinião, implica esforçarmo-nos e darmos o nosso melhor. Por exemplo, todos sabemos que não há emprego: são muitas as áreas, quase todas, que sofrem deste mal, mas eu acredito que quem dá tudo de si acaba por encontrar um local para trabalhar que o vá valorizar.

 

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03-02-2022