Mariana Craveiro: “É contagiante o entusiamo que os professores transmitem.”

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Mariana Craveiro tem 20 anos e é estudante do 3º ano de Psicologia da Faculdade de Educação e Psicologia, da Universidade Católica no Porto. Porquê Psicologia? “Porque adoro pessoas.” Porquê escolher a Católica para estudar? “Porque é a Católica que oferece um ensino de excelência.” Dedica grande parte do seu tempo ao voluntariado, tendo feito parte de inúmeras iniciativas. Atualmente, faz voluntariado no Estabelecimento Prisional de Santa Cruz do Bispo e é na área da Psicologia da Justiça e do Comportamento Desviante que se sente realizada. Nos tempos livres, treina para a meia-maratona.

 

Acabada de chegar da Missão País, que decorreu em Arcos de Valdevez. Essa rouquidão toda quer dizer que …

Que foi uma semana espetacular, que se cantou muitas vezes o hino da Missão e que estava muito frio – havia imensa geada de manhã (risos). Foi a primeira vez que participei na Missão País, porque no meu primeiro ano da faculdade, devido à pandemia, não houve, e no segundo ano estava em Madrid, a fazer Erasmus. Gostei imenso da experiência. Durante a semana estive nas escolas do agrupamento com a missão de dinamizar as aulas de Educação Moral e Religiosa, do 5º ao 11º ano. Falámos-lhes da Missão País, do testemunho de serviço e fé, da importância do voluntariado e tentámos elucidar os estudantes para as suas escolhas profissionais, dando-lhes a conhecer as nossas histórias.

 

O voluntariado faz parte da sua vida desde muito nova.

Sim, porque é uma realidade muito presente lá em casa. Desde miúda que sou incentivada a participar em ações de voluntariado em família. Lembro-me que quando a minha avó morreu, o meu avô foi durante um mês para África fazer voluntariado. A minha irmã também sempre esteve envolvida em vários grupos de voluntariado e os meus pais em diferentes peditórios e ações sociais. Esta realidade sempre foi muito natural em mim. Comecei a fazer voluntariado com a Paróquia de Cristo Rei, no Porto, e depressa me fui sentindo desafiada a participar em mais iniciativas.

 

“Adoro pessoas, estou mesmo no lugar certo.”

 

Porta Solidária, Fly, Missão País, Serviço comunitário e a CAtólica SOlidária. O que é que a move a participar?

Para mim, a parte mais importante do voluntariado é pôr-me no lugar do outro. É isso que me move a servir, porque é dessa forma que vivo a alegria da fé cristã. Tento dar-me o máximo que posso aos outros e entregar a minha vida para ser imagem e semelhança d’Ele.

 

Quando é que descobriu que queria estudar Psicologia?

Sempre achei que ia ser engenheira eletrotécnica, porque adorava robótica (risos), matemática e físico-química. Só mais tarde é que comecei a refletir mais acerca da minha vocação e propósito e percebi que tinha de fazer alguma coisa que passasse por ajudar os outros de forma direta e concreta. Foi nesse momento que encontrei a Psicologia e fiquei fascinada. Adoro pessoas e sinto que estou mesmo no lugar certo.

 

Está no terceiro ano da licenciatura. Como tem sido o percurso na Católica?

O curso excedeu as minhas expectativas e acabou por ser muito mais do que eu estava à espera. Estou muito contente com a escolha que fiz, principalmente com o facto de ter vindo para a Universidade Católica. Costumo partilhar com as pessoas que é contagiante o entusiasmo que os professores nos transmitem. Torna mais fácil mantermo-nos motivados para estudar. A Católica oferece-nos imensas oportunidades complementares ao curso, o que é excelente. Tenho-me envolvido em diferentes iniciativas, a maioria ligadas ao voluntariado e ao serviço na comunidade – o que é um privilégio enquanto aluna.

 

Porquê escolher a Católica para estudar Psicologia?

Informei-me com pessoas da área que me ajudaram a esclarecer qual seria a “melhor” instituição de ensino para estudar. Reuni algumas opiniões e percebi que era a Católica que me poderia garantir uma melhor formação, um ensino de excelência e, consequentemente, um futuro profissional mais promissor e seguro.

 

“A Católica tem professores que são verdadeiros especialistas e por isso estou muito bem entregue.”

 

Há alguma disciplina que se tenha destacado de forma particular?

Neurociências é uma disciplina que costuma provocar algum medo nos estudantes (risos). Apesar disso e, surpreendentemente, acabei por gostar muito e achar fascinante.

 

Quais são os planos para quando acabar a licenciatura no fim deste ano?

Quando terminar a licenciatura, vou prosseguir para o mestrado em Psicologia, com a especialização em Psicologia da Justiça e do Comportamento Desviante. Nesta área, a Católica tem professores que são verdadeiros especialistas e por isso estou muito bem entregue. É aqui que quero continuar a aprender e a crescer.

 

Faz voluntariado no estabelecimento prisional de Santa Cruz do Bispo. Como é estar em ambiente de prisão e que atividades desenvolve?

Nunca senti medo. Sinto-me bem na prisão, porque estas realidades fascinam-me imenso e porque o contacto que já tive neste tipo de ambientes põe-me a pensar que as pessoas que estão lá dentro são pessoas como nós, que em algum momento da sua vida cometeram um delito, e que houve oportunidades que essas pessoas não tiveram por causa do ambiente em que cresceram. Tenho vindo a largar muitos preconceitos e a compreender que os crimes não definem as pessoas. No voluntariado que faço, estou na Clínica Psiquiátrica da prisão e estou a integrar um projeto de desenvolvimento de competências socioemocionais. Jogamos jogos de cartas, de tabuleiro, jogos da memória, jogos de cultura geral... O objetivo é estimular várias competências, incentivar ao espírito de equipa, colocá-los em situações onde têm de lidar com momentos de vitória e de derrota. Além disso, estamos agora a colaborar com o Banco do Livro do Porto e a levar cerca de 8 livros por semana para complementar a biblioteca do Estabelecimento Prisional – que é acessível a todos – e incentivar a leitura ao nosso grupo.

 

Desejos para o futuro?

Antes de entrar na licenciatura, dizia que queria ser diretora de uma prisão. Não sei se o caminho me levará até aí, mas gostava muito. Era bom que essa vontade se realizasse.
Quero contribuir diretamente para compreender e ajudar estas pessoas, contribuindo para criar sistemas de maior apoio à reinserção. Em Portugal, temos taxas de reincidência muito elevadas e há pouco apoio a estas famílias.

 

“Sinto-me, verdadeiramente, agradecida pela vida que tenho.”

 

O que a ocupa nos tempos livres?

Sempre estive envolvida em muitos desportos, mas acabei por ter de abrandar o ritmo por causa de um problema que tive nos joelhos. Ainda assim, e muito por influência do meu pai, estou a preparar-me para a meia maratona. Requer muita disciplina e treinos regulares – o que nem sempre é fácil com o ritmo de vida que levo.

 

Em que é que se pensa enquanto que se corre?

Nos primeiros cinco quilómetros, penso que preferia estar em casa (risos). Depois, começo a desfrutar e a aproveitar a oportunidade e o privilégio de poder correr à beira mar, muitas vezes com o pôr do sol à minha frente. É neste momento que me sinto, verdadeiramente, agradecida pela vida que tenho. Na parte final, já muito movida pelo cansaço, penso que se alguma vez duvidei, tudo é possível. Somos nós que temos o poder de definir aquilo que é possível na nossa vida.

 

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23-02-2023