Mariana Rossi: “Com o voluntariado abro-me a realidades diferentes e aprendo a adaptar-me a elas.”

Pessoas em Destaque

Mariana Rossi tem 22 anos, vive em Santo Tirso, licenciou-se em Psicologia na Faculdade de Educação e Psicologia e, atualmente, frequenta o Mestrado em Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano na mesma faculdade. Começou por achar que seguiria Medicina, mas a vontade de compreender as pessoas levaram-na para a Psicologia. Foi através da CAtólica SOlidária, da Unidade de Desenvolvimento Integral da Pessoa, que começou a fazer voluntariado e até hoje nunca mais parou: “No voluntariado aprendo a lidar com pessoas e o meu futuro vai ser a lidar com pessoas.” Muito ativa e sempre com energia, Mariana Rossi garante que quer ser “parte da construção de um futuro melhor.”

 

De que forma é que o voluntariado ajuda a formar melhores profissionais?

O voluntariado abre-nos para a sensibilidade e para a importância da compreensão. No meu caso concreto, o voluntariado ensina-me a saber lidar com pessoas e o meu futuro vai ser a lidar constantemente com pessoas e a perceber como é que as pessoas se sentem e de que forma é que eu as posso ajudar. Com o voluntariado abro-me a realidades diferentes e aprendo a adaptar-me a elas.

 

“A excelente formação que oferece vai refletir-se na garantia de um futuro profissional cheio de oportunidades.”

 

Porquê a escolha por estudar Psicologia?

Desde os meus 13 anos que a minha ideia era estudar Medicina, mas por volta do 11º ano comecei a perceber que afinal não gostava assim tanto de biologia e que se calhar não era a Medicina que me ia realizar. Ainda quando eu queria medicina, o meu fascínio era mais orientado para a parte mental e psíquica e não tanto para a dor física. Seguindo esta minha lógica, acabei por me perguntar “Porque não Psicologia?”. Psicologia respondia àquilo que eu queria. Foi uma descoberta muito pessoal, porque eu não tinha nenhuma referência nesta área, mas acabei por ir explorando e por perceber que o meu caminho era por aqui.

 

E como surge a escolha de estudar Psicologia na Católica?

Eu tinha entrado na universidade pública, mas acabei por optar por vir para a Faculdade de Educação e Psicologia da Católica. Já tinha muito boas referências desta universidade porque a minha mãe estudou aqui e foi sempre quem mais me aconselhou. A escolha pela Católica residiu no facto de ser uma universidade muito conceituada e também porque a excelente formação que oferece vai refletir-se na garantia de um futuro profissional cheio de oportunidades. Também me aconselhei com uma amiga minha que já estudava aqui e que me falou muito bem da sua experiência. Pode-se dizer que não foi uma decisão difícil de tomar porque todos os caminhos apontavam para aqui.

 

“Tentamos seguir o exemplo de Jesus: no nosso serviço, na forma como nos relacionamos com as pessoas e também no desprendimento. “

 

Quais são os pontos diferenciadores de estudar na Católica?

Eu acho que uma marca óbvia é a proximidade que nós temos com os professores. Os professores sabem o nome de cada aluno e isso é muito diferenciador. Outro aspeto marcante é o conjunto de atividades e de oportunidades de desenvolvimento que a Católica oferece aos seus estudantes. Apesar de, atualmente, ser estudante do Mestrado em Psicologia, não sinto que seja apenas uma aluna deste curso específico. Sinto, sim, que sou uma estudante que usufrui muito para além das aulas do meu mestrado porque há um conjunto muito grande de oportunidades que me formam enquanto profissional e, mais importante ainda, enquanto pessoa.

 

E nesse leque variado de atividades que a Católica oferece, o voluntariado ocupa um lugar importante …

Sem dúvida! Eu envolvi-me logo quando entrei na Católica, porque já era uma vontade minha. Mal soube que ia haver a sessão de apresentação da CAtólica SOlidária inscrevi-me. Durante o primeiro e o segundo ano da licenciatura, estive a fazer voluntariado com crianças numa associação onde ajudava nos trabalhos de casa e colaborava noutras atividades. No terceiro ano, já estive encarregue de gerir um grupo de voluntários. Em paralelo, participei na preparação para o GAS’África e fui em missão em 2020. Não fui para África por causa dos constrangimentos relacionados com a pandemia, mas fiz a minha missão no Algarve e realizei trabalhos junto de um acampamento de ciganos, de uma casa de acolhimento, de uma família de refugiados e até de pessoas desempregadas que precisavam de formação. Foram cinco semanas muito intensas e muito boas e eu sinto uma identificação muito grande com o projeto, com o qual ainda colaboro. As missões do GAS’África têm como pilares o Serviço, a Comunidade, a Simplicidade e a Oração. Naquilo que fazemos tentamos seguir o exemplo de Jesus: no nosso serviço, na forma como nos relacionamos com as pessoas e também no desprendimento.

 

O que é que aprendeu durante essa missão?

Nesta missão aprendi que dentro do meu país há realidades muito diferentes. Teve muito impacto em mim, porque me abri a situações que desconhecia e que durante 5 semanas fizeram parte do meu dia-a-dia. Em Portugal há mesmo muito trabalho para se fazer. Às vezes, distraímo-nos com o que vemos lá fora e esquecemo-nos que o nosso país também precisa de voluntários. Eu fiz a formação do GAS’África para ir para África e acabei por calhar no Algarve e ainda bem. Fez todo sentido que essa tivesse sido a minha missão.

 

“Porque não ir a um psicólogo quando, também, se está bem? É preciso normalizar!”

 

Terminada a licenciatura, porquê a escolha do Mestrado em Psicologia da Educação e Desenvolvimento Humano?

É este mestrado que me coloca em contacto com os contextos com os quais eu trabalhei durante a minha missão no Algarve. Contrariamente ao que eu achava quando entrei na licenciatura, acabei por me aproximar mais desta área e o voluntariado foi muito importante nesta descoberta. Dentro desta área ainda estou a explorar as várias possibilidades porque são muitas e eu gosto de várias.  Receio que não vá ser uma escolha fácil (risos).

 

Que características considera indispensáveis num bom psicólogo?

Um bom psicólogo tem de ser empático e criativo. Empático porque sem empatia um psicólogo não consegue pôr-se no lugar da outra pessoa para o compreender e criativo porque é com criatividade que vai conseguir adaptar-se a diferentes realidades e conseguir arranjar formas de as ajudar.

 

“O poder está na minha mão.”

 

Acha que a sociedade está mais alerta para a importância de cuidarmos da nossa saúde mental?

Ainda há muito caminho a percorrer… A pandemia foi um alerta e mesmo a guerra na Ucrânia também o está a ser. A sociedade tem um estigma enorme em relação à saúde mental. Há uma vergonha muito grande em dizer-se que se vai ao psicólogo, provavelmente porque ainda se mantém a ideia de que os psicólogos são para malucos e que só se vai a um psicólogo quando se está em delírio. Porque não ir a um psicólogo quando, também, se está bem? É preciso normalizar!

 

O que é que a move?

O que me move é perceber que tenho o poder de fazer alguma coisa ou de mudar alguma coisa, ainda que de forma pequena, na vida das outras pessoas ou até na minha. No fundo, o poder está na minha mão e, por isso, não é sentada no sofá ou deitada na cama que vou ser útil para o mundo. O que dá sentido à minha vida é esta possibilidade de fazer coisas, de criar, de me envolver e de ser parte da construção de um futuro melhor. Espero consegui-lo ao longo da minha vida, quer seja com a minha família, na minha profissão, no voluntariado que realizo ou na forma como me relaciono com as pessoas.

 

pt
24-03-2022